sexta-feira, 25 de maio de 2012

Notícias do lado de cá

Um imenso sem vontade pra sair da cama...
Chove aqui dentro e um pouco menos lá fora.
Três reais na carteira, nenhuma aptidão pra fama.
Greves diversas há quem ache bom,
Esconder-se em mentiras sem sair do tom.


Tentando domar meu desespero,
Surge minha melhor amiga e um convite pra um projeto de leituras -
Nelson Rodrigues, que conveniente! Ilustre figura.
Muito obrigado, mas hoje eu quero mesmo é cuspir na estrutura!
De que vale a ilusão da cultura aos olhos da desarmonia?
Talvez seja uma alma torta preço até baixo pra quem escolheu pensar,
E intensidade seduzir com luz a escuridão...


O espírito livre clamando por vinho e confissão em uma calçada do interior.
Perder-se na cidade, escutar o gari confabular contra a sociedade, por favor!
A pupila descoberta e dilatada recebe de braços abertos a chuva...
Soa bem a cena: um brinde ao findar do homem em um copo de cachaça.
Longe de qualquer fumaça, o som de um desafinado violão.


Cantar os abismos dos poetas
O ridículo dos palhaços
O cio que mais uma vez vem vencer o cansaço
Ou ejacular o tédio em algum vício vagabundo


É, parceiro.
Tal qual vira lata.
Mas não perco a poesia.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O silêncio onde nasce a canção

O silêncio onde nasce a canção


Um novo dia, alguém procurando luz
Qualquer brilho ou estio hediondo
Um estrondo. São relâmpagos!
Não sabemos nada.

O que vislumbramos?
Erguer-se, direção.
Uma casinha sem paredes,
Beijar deitada a rede
A velha amiga solidão.

A mente,
Mente.

Desnudo.
Inundação!

Uma experiência mística.
O sabor de café com leite e pão.
A vontade de chorar.
Saber amar,
A grandeza de um grão.

Varrer recordações.
Ser sempre inteiro.
Outra metade,
Acostumar-se a esperar.
Respirar deveria bastar.

Tudo pro alto!
O vazio que faz falta ao coração.
A estrada bloqueava a passagem.
Saber a hora. Ainda não.

O silêncio onde nasce a canção.

sábado, 19 de maio de 2012

O inocente em fuga

Autor: Pietro Pascoli

Um inocente em fuga
Perdido na cidade
Não mais importante
Que qualquer outra pessoa
Seu olhar denunciava
Uma escolha diferente
Aos caminhos estranhos
Formigueiros de gente

Janela sempre aberta
Pra receber a sorte
Pupila descoberta
E a vontade de saber

Pra onde foi o seu controle da vida
Na linha tênue entre a loucura do mundo
E o outro mundo que dentro do peito
Transbordava de inquietações e desejos!

Você olha para mim
Quer saber!
O que espero dessa vida insana?
Fica olhando para mim
Quer saber!
Pouco importa o que se perde ou ganha

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Devaneio estranho

Devaneio estranho


Começou mais um dia,
O que chamam realidade.
A versão da história que convém
Há quem?

Já me disseram:
Deixe de sonhar
É hora de acordar,
Ponha os pés no chão!

Uma viagem sem rumo a nenhum lugar,
Que escutei com atenção.
Mas os rios mudam o curso
Sem perder a direção

Pra viver em sociedade
É preciso se adaptar!
O suor de cada dia
A ilusão de um diploma,
Status de vaidade
Ser notícia da semana.
Grana! Grana!

As convenções...
Não me convencem!
Só pra contrariar, ofereço:
Passos de equilibrista
Meu imenso sem vontade

Lembra meu amigo,
Como se fosse amanhã:
Newton debaixo da árvore
O baixinho Romário sempre perto do gol
Lispector e seus abismos, suas dores.
Frida Kahlo, seus temores, suas cores!

Devaneio estranho
Um futuro que já deixa saudades
Pela corda bamba de estrelas
E vaidades

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Querer infinito

Esse querer infinito
Que trago escondido
Vagando ao luar
É silêncio que grito e que sinto
Protegendo o amor
Que me sobra pra dar
Temendo a força do tempo
Que me falta
Pra durar

sábado, 5 de maio de 2012

Plebeus são reis!

Plebeus são reis!


Eis que surge um novo dia
Da mais franca rebeldia
Em que plebeus são reis
Plebeus são reis!

E não há fotografia
Ou registro quem diria
Da bravura de vocês

Gente baiana, trabalhadora!
Faz da preguiça lavoura
Da arte discaração
Colé mermão!

E se dá por satisfeita
De amar sua colheita
E viver sem um tostão

Eis que surge um novo dia
Da mais franca rebeldia
Em que plebeus são reis
Plebeus são reis!

E na televisão canta feliz
Um mendigo sem nenhum vintém
Que a majestade é um tormento
E rico é o cara
Que com pouco vive bem