terça-feira, 30 de junho de 2020

Floresta de Ypê


"No momento em que nos comprometemos, a providência divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge ao nosso favor. Como resultado da atitude, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajuda, que nenhum ser humano jamais poderia ter sonhado encontrar. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma, o poder, o gênio e a magia.”[Goethe]

terça-feira, 31 de julho de 2018

William

O menino inventou um verso lindo pra viver
De tão divino, confunde os sábios
Cala as dúvidas, desmuda o tempo
Pra ver o milagre do fruto, do "Au Au" e da flor

Com os pezinhos libertos, toca o vento
Cristalino e puro, mar adentro
Molha a chuva e ri, do mistério da dor

A esperança, um coração de criança
Essa luz que nos faz acreditar
Nos sonhos que ainda não sonhamos
Encantos do mundo que precisamos ir
Para aprender um novo caminhar

Chorando então sabemos
Da infância que ainda temos
E do tanto que é preciso melhorar
Sorrindo algo dentro então nos diz
Agradece, agradece e segue em frente
És da vida a semente
Pra colher tem que plantar

Sereno o menino percebeu
Que pra entender a natureza
É preciso ser curioso e ter firmeza
Escutar mais do que falar

Foi deixando no caminho as certezas
Se desculpando pelas próprias queixas
Cultivando o seu cantar

E assim encontrou a fortaleza
Do mais simples operário
Que cumpre o seu itinerário
A serviço do dia, a serviço
da vida

O menino, quem diria
Inventou um universo
Unindo versos
De amor

terça-feira, 27 de março de 2018

Agora calma

Calma, agora acalma. Respira fundo, agradece seu agora.
Vai aprendendo o flow, no soul, que o seu espírito pede.
E se a coragem pra enfrentar os medos for, a grandeza que mede
O merecimento da bonança e da libertação, que deseja o seu coração?

Então diz, que se é feliz, reproduzindo os passos que lhe foram impostos
Caminhando como um passageiro, de cabeça baixa, na direção da ilusão
Com os olhos sem vida, sem vibração, ninguém olha por la calle por que tá frio, exatamente onde deveria tá ardente, é quente!

Não conhece a história, não tá ligado na glória
de resistir a sucessivos fracassos.
Mas tá aí julgando seu irmão que é de outra cor
Tá valorizando mais a raça, que nos violou de graça,
Você tem noção do que aconteceu lá, rapaz?

É natural, o que flui de anormal, transformando o real
Porque nosso delírio é bem melhor de se viver, tá ligado?
Por um mundo com mais amor e menos leis
Com a nobreza dos plebeus e sem a mediocridade dos seus reis

Pobreza de espírito é enxergar somente o que é sólido, Uôw!
Todo dia a mesma merda é foda, né não?
Vamos curar esse déficit de imaginação!
São tantos mundos lá fora.
São tantos mundos lá fora.

E com um verso certeiro
Se a mente tiver aberta
Eu vou tocar dentro de você
Sete palmos de terra são suficientes para igualar todos os homens
E se fosse a sua família, chorando com fome?
E se fosse você, o negro sem nome, vendendo isqueiro na praça?
Pra encontrar com Deus, primeiro vai ter que ensinar seus demônios a fazerem o sinal da cruz
As suas sombras a dançarem com a luz
E na sua descrença plantar a gratidão
Sol, lua, estrelas; o mar, o vento, o verso; todo um universo pra você
Começou a entender?
Só tem asas pra viver quem perde o medo de morrer

Valencia, 11/02/2016
Pietro Pascoli

A paz que sonhou

Pra ter a paz que um dia sonhou
É preciso atravessar sozinho e com os pés descalços
Desertos, pântanos, medos e malfazejos
Renunciar sem angústia as armadilhas dos desejos
Agradecer por estar vivo a Deus por onde for
Com fé, alegria e muito amor

Até encontrar a companheira que sempre quis
Será necessário com a solidão aprender a ser feliz
Tratar o semelhante como um irmão
Sinceridade no olhar pra poder ver a verdadeira direção
Confiar na mãe rainha das águas do mar
Que clareia com seu canto os raios de sol

E no sopro de um novo dia
Quando se der conta que está cuidando do seu ser
Seguindo teu caminho com verdade
Contagiando outros rumos e plantando a saudade
Um lindo sonho há de anunciar que existe um propósito
Para estar neste mundo de ilusão

Lindas cores vão ser o presente do teu dia
Respirar, meu irmão, simplesmente bastará
Os oceanos, minha irmã, nossas almas vão lavar
A gratidão vai ser o ritmo do seu dia
E todo e qualquer acontecimento um motivo pra cantar
Porque Deus é soberano e nos quer ver triunfar

Nas igrejas, nas calçadas, nos bosques, nas alturas onde está
Jesus de Nazaré é o maior rei que nesse mundo existiu
E a Virgem Maria rogando por seus filhos sempre estará
Para ver o fim da guerra eu chamo todos os seres divinos
Saúdo Buda, saúdo Krishna, saúdo todos Orixás
Louvo meu pai Oxalá com amor no coração
Nunca esquecendo da minha mãe Yemanjá

Que Cristo é onipotente e com ele quero estar

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Inquietações e desejos

Maré em órbita

Das profundezas do esquecimento,
Um pedido ao tempo:
A poesia sem palavras
Livre das leis
Que distanciam a justiça

Calar pra poder sentir,
E alcançar lugares
Franqueza é vital pra perceber
A beleza dos verdadeiros olhares

O que vislumbramos?
Erguer-se, direção...
Uma casinha sem paredes,
Beijar deitada a rede
A velha amiga solidão.
Desnudo.
Inundação!

... Pra onde foi o meu controle da vida?
Na linha tênue entre a loucura do mundo
E esse outro mundo que aqui dentro do peito,
Transborda de inquietações e desejos...

Adentro o mar
Maré em órbita
A saudade de um bem
Que no momento não quer ninguém
Pra evitar perder o foco que tem
Na sua corrida por vintém, ou sei lá mais o que será
Kame-Hame-Háthiobáre de Amor!
(suspiro)

No fundo do mar
Saúdo todo universo
Peço calma aos meus versos
Para navegar

Quem sou, por onde ir, quem quero ser?
Na nave que desistiu de me abduzir
Raul Seixas me dava razão
Pra traduzir a palavra “nada”
É preciso entregar o coração

Todos os meus passos
A vida e os seus laços
Sendo guiados por Deus

...
Deixei o sol entrar
Na saudade do meu peito
Quando estava a cantar
E a dançar meio sem jeito
Fui lembrando, devagarinho
De tantas coisas lindas que vivi

Raios de luz
Brilhantes olhos das crianças
Nas águas mansas da amizade
Canções de esperança e emoção
Recordações de mãos estendidas
Gestos que desafiaram a razão

Flores brancas, coração aberto e a paz
Que a vida é linda, a caridade o brasão
A firmeza balanceia, contrariando a geografia
Proteção e zelo são voos da poesia
O sentido são detalhes, quem irá encontrar?
Gratidão porta de entrada

Novo amor há de chegar

Pietro Pan
Capítulo pós carnaval
Inquietações e desejos

Ai de mim

Peço licença poética pra sofrer um pouquinho
Sentir a dor da migalha de carinho
Que nunca ganhei de um bem

Ela no momento não quer ninguém
Pra evitar perder o foco que tem
Na sua corrida por vintém, ou sei lá mais o que será

Será? Que o tanto que dei foi pouco
Tanto Kame-Hame-Há de amor me deixou rouco
Não escutei direito o que disseram meus caboclos

Tudo bem, então
Eu também não pude corresponder as outras moças
Porque meu coração bobão, pegou a contramão
De quem me queria tão tão tao bem
Que me aceitaria mesmo assim, num labirinto sem fim
Ai de mim
Ai de mim

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mosconautas Callejeros

A natureza da dúvida
Convém a mentira que urge
Do abandono de sonhos sinceros
Eis a consolidação de um novo réu
O próprio esquecimento pra pagar o aluguel

Versando ardentes desejos
Desafinando razões com meus beijos
Despertando o julgamento, dos que vão em linha reta
O status é a estrada pro abismo, indo na direção certa

O seu canto é bonito menina
É mesmo uma pena, mas ele não me toca
Prefiro andar por aí distraído de tanta eloquência
A loucura é a mãe da ciência
Crianças felizes questionam as crenças
E a epistemologia também
Perguntas nos levam além
Amém

Eu não posso ser saciado
Por planos comuns, realizações banais
Dinheiro, cruzeiro, a festa do ano
Sucesso, correria, marcas caras, uma vida sem paz
Produtos, dos seus vis metais
(Quem dá mais?)

Já nem sei o que quero da vida
Um dia, isso foi diferente
Mas aprendi que a visão que se tem do passado é velha
Quero, desver cada um dos olhares
Despencar das certezas, como quem planta
Grãos de mar em sonhos de estrelas lunares

Somos Mosconautas Callejeros
Somos crias da lua
Românticos, habitantes da noite e dos terreiros
Parques, jardins, estradas, um suspiro do além
Mente aguçada, D2, sempre tem
Sua forma de viajar, pra qualquer lugar, com o seu sonhar
Renovar cada olhar
Sobre Deus, sobre o outro, tal qual coito
Por vezes perdidos, sedentos, afoitos
Mas na vida se cai, se leva rasteira
Quem nunca caiu, não sabe da glória
Que é chorar de luz, a força que conduz
Pro precipício
Que nos ensina a voar

28/09/2016
Pietro Pascoli