terça-feira, 30 de abril de 2013

Boas novas

Um velho amigo trouxe boas novas:
Segredos das entranhas de quem se deixou capturar, pelo perfume da aurora.

Companheiro d´istante,
Cumpadi das ruas,
Escuras, viscerais, solitárias...
Fascinantes!

Encontros insanos,
Marcos de rupturas,
Com qualquer espécie de razão,

Brindam o primor do abandono...
Desprezam as respostas que nunca chegam. Germinam territórios esquecidos.

...Firmar-se onde o pensamento não puder alcançar. Escutar os caminhos...

Presente da criação
De todos os sons
Que ditam os tons
Da morte
Do agora

O diagnóstico

O diagnóstico já foi dado:
Estudos minuciosos de doutores inquestionáveis.
Homens de dedicação total a ciência.
Ausentes profundos,
Da escola da vida.


Reprodução abundante,
Exercício do fazer constante,
Cegueira fidedigna, testada e comprovada,
Dos óculos que tudo enxergam.


Argumento incontestável,
Das infinitas possibilidades,
Promessa de saúde mental e vida saudável,
Pra quem aceitar a própria falta...
E a tragédia da existência.


Descartes e seus malditos postulados não conheceram o Candomblé.
Freud e seu sofrimento, dos novos baianos nunca cantou um refrão.
Nietzsche não teve a chance de ouvir do Raul os toques, sobre a cegueira do sermão.
E Lacam depois de escrever o triunfo das religiões, que será que compreendeu?


Benditos bêbados, mendigos, loucos, prostitutas!
Provas vivas do desprezo que reside em toda regra de conduta.
Espelhos de um íntimo que carrega todo homem e toda mulher,
Por mais plenos que estejam de qualquer moral...


Benditas árvores, casulos, animais!
Provas vivas dos segredos ancestrais,
Que resplandecem o ser...

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Os compromissos:

Os compromissos:
Cumprimento de horários e de caminhos.
Submeter-se a uma direção comum todos os dias,
Mesmo não sendo os mesmos.
Regidos por um novo posicionamento dos astros,
Muda o clima, o humor, o movimento...

O desejo absurdo por enquadre:
Temerosos do tempo... E da moral!
Inventamos histórias, motivos, sentidos,
Subornos mentais pra nos tornarmos normais,
Qualquer coisa pra suportar o real...
Assim a humanidade se alimenta de vaidade,
Extravasando em vômitos a própria liberdade.

- Quem inventou o tempo?
Perguntou para uma mangueira um duende amarelo.
- Algum idiota.
Sussurrou uma das mangas que recém caíra.

E em algum lugar do mundo,
Uma criança sonhava acordada em plena madrugada,
Com olhos de eternidade e lampejos de fantasia.
- Vai dormir, Clementino! Amanhã cedo tem aula!

Sem clemência, Clementino assassinou a criatividade e foi deitar.
Lhe ensinaram que é preciso ter status, reconhecimento, um futuro.
- Preciso cumprir minhas obrigações, a mamãe tem razão.

Intuitos de prisão, ao próprio coração...

Habitat

Habitat
Ofertada a Raul Seixas


É muito difícil habitar este abismo...
Mas ao colocar os pés descalços nessa estrada,
É como se dela tivesse vindo,
E nela sempre fosse caminhar.

Suportar com alegria o precipício.
Por que, então? Essa imensa vontade,
De transmutar realidade, romper mentalidade,
E depois voltar ao chão?

Já que os Deuses não se pensam,
Próximos a eles me parecem muito mais,
As plantas e os animais.

Mas quando acordo em pleno dia,
Onde ecoa a poesia,
Canto alto essa agonia, só por provocar:

Viva a incompletude!
E a falta de juízo!
De que vale o paraíso,
Sem morder a maçã?

Caetanei a intolerância,
Quando vi nos olhos da criança uma estrela,
Com a mesma alegria,
Da mariposa e do leão!

...

A loucura real.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Entidade soberana

O amor,
Entidade soberana de toda beleza,
Acolhe paixões, solidões e até tristeza.
Faz brotar flores nas feridas,
Segredos em avenidas.
Traz o encanto as cicatrizes,
Sentido aos encontros, aos prantos, aos desenganos,
Justifica fazer planos e de si mesmo abrir mão.

O amor,
Pode ser a vida, a conquista, uma pessoa,
Que lembre o quanto a vida é boa,
E resgate um antigo sonhar.
Independe de saúde, posses ou etnia,
Reside até na covardia,
Na loucura, na magia, no eterno e no carnal.

O amor,
Aquele que faz brilhar tantos olhares,
Que leva as pessoas a seguir a mesma trilha,
Os idiotas a pensar na madrugada,
A escrita ser desenfreada,
O ridículo engrandecer.

Quem no amor insisti,
Pode ser tudo que existe,
No devir de enlouquecer.

Outro refrão

Outro refrão


Meu amor pergunta do meu devaneio debruçado a janela,
Sorrio desconsertado, sem a resposta certa pra agradar,
A verdade é que minha imaginação não tem arestas,
Ás vezes nem distingue luz e sombra,
Se preciosos forem os olhares.

Ela penetra minha alma e continua o questionamento,
Como se quisesse ser parte de mim também.
Bem vinda amor! Te digo sim pra qualquer absurdo.
Quem foi meu grande amigo? Se aquele personagem eu inventei?
Abrem-se os olhos e na real, tudo é fantasia.
O delírio da existência é pleno em beleza e dor,
Fizeram merda quando inventaram a história!
Amanhã é seu lá fora. Clamam os compromissos,
A alma fica pra outra hora.

E assim seguimos nossos passos,
Sem rumo e acreditando na direção.
Mas quando me perco em teu sorriso,
Me reprovo e esqueço da questão.

E até aceito a tragédia,
De quem prega a nossa falta tal qual religião,
Se a riqueza do homem é a incompletude,
Que não nos falte atitude,
Pra cantar outro refrão.

domingo, 21 de abril de 2013

Que força é essa?

Que força é essa?
Ofertada ao poeta amigo Wagner De Angeli Ferraz


Que força é essa?
Que nunca cessa.
Acelera, pausa,
Confunde... Meça!
O que será?

Deus do céu e da terra também,
Ventos dos mares, levam aos lares seu bem...
Será que existe algum sentido na batalha?
Se toda guerra começa com perdedores,
Quem dirá?

Viscerais anseios que a chuva traz,
Pra quem se perdeu buscando por paz...
Passeiam na lembrança pingos de dor,
Brindam os rastros, nossos sonhos de amor!

Em frutas abertas, portas não há!
Outras formas de vida,
Um semelhante a navegar...
Na curva dos caminhos,
O respeito das crianças é dado em risos,
Sorrisos.

Meu amigo Wagner,
Sempre me dizia:
Amadureça, sua poesia!
O que será?

Durante um trabalho espiritual no Brilho das Águas.Q

Caminhos abertos caminham...
Nas curvas dos sorrisos,
Das crianças.
Quanto a Deus não há temor e sim amor,
O respeito é dado em risos,
Sorrisos.

Em frutas abertas, portas não há
Outras formas de vida,
Um semelhante a navegar...
Que bonito que é, contemplar alguém que em si tatuou a morte,
Receber em troca, da vida uma chegada:
A notícia de um filho!
E o Religare recomeça...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Trágica oração

Trágica oração


Vive
Sempre escondida
Buscando formas para desaparecer

Linda
Aquela menina
Nunca foi o que pros pais devia ser

Busca
O berço perdido
E o abraço que dos braços escapou

E depois de tanto ao meio dia acordar
Quando triste esqueceu o segredo pra sorrir
Perdida no meio da solidão
Encontrou uma trágica forma de oração
E partiu pra nunca mais voltar

E quem vive linda busca imersa em meio a mesma solidão
Escuta a sua voz...

Desleixo

Desleixo


Quanto desleixo...
Um enorme acervo de brinquedos incompletos,
Nessa redoma confortável onde a vida verdadeira adormece,
E insisti em dormir e dormir.
Nunca é o que poderia ter sido...
Não há contentamento
Na entidade mais distante do cais...
O ego emana seus sinais.
E nesse trem há nenhum lugar,
Muitos lugares nos aguardam por chegar.

Me aparecem homens:
Médicos, atores, professores,
Escritores, palestrantes, pensadores...
Sentenciando disparos perdidos de conhecimentos,
Curiosidades e lampejos motivacionais para os lamentos
Aniquilando o deslumbramento, a descoberta.

Noel, cartola e companhia
Refém da fantasia
Tanta imoral poesia,
Não saberiam expressar

Diplomas!
Doces...
Vazios.

domingo, 14 de abril de 2013

Metáfora do nome do Pai

Metáfora do nome do Pai
Ofertada a Jacques Lacan


Entardecer do céu...
Ser azul ainda claro,
No escuro do dia.

Lembranças imponentes,
De sensações desconhecidas:

Homens me falam de coisas...
Homens tantas coisas falam.
Coisas e coisas e mais coisas,
de homens.

Ainda que me esforce,
Que ouça atentamente
A mente que mente,
Meu coração se nega.

A gente pensa que escolhe a poesia que carrega o caos de estar em paz ao deixar-se pra trás em meio ao cais onde nada jaz ao pensamento...

A metáfora do nome do pai, é ilusão de entendimento!
Pra raça que não escapa da cegueira,
De não ser contentamento,
Pra ter razão a vida inteira.

Vagamente

Existe um encontro marcado
Numa órbita qualquer
Entre vazios que se adoram
Talvez fora de hora

A embriaguez quer saber
Qual será o sentido da vida, afinal?
Se pra viver o bem
É preciso confrontar o próprio mal

Vagamente
Vaga a mente
Que olha pros lados
Que não encontra uma razão

Alguém abriu a geladeira pra pensar
Sem perceber a intenção
Atentamente
Atenta a mente
O deleite de viver uma paixão

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Escolhas que fazemos

Escolhas que fazemos


Nas escolhas que fazemos,
No tempo errante que nunca perdemos,
Nas transformações que participamos,
Nos sonhos que nunca vivemos...
Sempre estão presentes as pessoas.

Que tanto amamos, que deixamos de amar,
Aquelas que machucamos, por mais amor não saber ofertar...
Sem falar nos outros animais e nas plantas, que tanto podem ensinar,
Mas o bicho homem abate e não se pergunta,
O que plantou no lugar...

Das coisas que vi, vivi e aprendi,
Acredito que a nossa missão mais difícil e preciosa no mundo terra,
É manter o coração aberto:
Pras críticas construtivas, pro arrependimento, pro perdão,
Pra opinião divergente do outro, para o caráter diferente do irmão,
Pra verdade que não tem dono, para o amor que se sente,
Pro Deus que na face da formiga está...

Por que será que não aprendemos a ensinar uns aos outros?
Sempre uma crítica, um julgamento, um dedo apontado pra outra direção...
Nunca um por favor, com licença, gratidão.

A ordem ensina soldados.
O amor ensina o coração.
Meu sincero pedido de perdão,
A quem machuquei por não ter despertado até então para estes ensinos.
Minhas sinceras desculpas,
Para quem ainda vier a machucar com a minha cegueira.

E minha imensa gratidão aos que fortalecem a caminhada,
A vitória do amor, pela vida e pelos nossos irmãos.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Lampejo visceral do prazer...

Nas entranhas da noite, raízes profundas são atrizes.
Ecos de nós, silêncios com voz, visitam a superfície.
Lampejo visceral do prazer, muito além do ser.
Nenhuma novidade, perder identidade,
Renascer.
Lampejo visceral do prazer...

O que deseja a noite?
A noite te deseja o que?
O que deseja o desejo?
Quando dorme o desejo
Quem é você?

Pessoas fascinantes

Pessoas fascinantes


Essas pessoas fascinantes...
Com seus medos bobos, seus sonhos impossíveis.
Céticos da paz, crentes demais.
Tantos em um...
Transbordando o motor da vida,
Esquecidos pelo próprio esquecimento.

A ciência e sua autoafirmação.
A verdade e sua relativização.
O espírito e sua banalização.
O homem e seu tormento.

Se toda visão de mundo é delirante,
Não acredito nem desacredito de nada.
Integrante da obra, todo homem é estrada.
O caminho da vida é a morte.
O da compreensão é o nada.

Ou não...

sábado, 6 de abril de 2013

Outro ser sê

Outro ser sê


Não sejamos obstáculos nos nossos próprios caminhos.
Já temos muitos.
Não sejamos obstáculos nos caminhos dos nossos irmãos.
Eles já enfrentam tantos.
Sê professor, sendo amigo. Sê aprendiz, sendo humilde.
Sê todo, inteiro e verdadeiro, sendo amor.

Desacredite de tudo.
Da ciência, do homem, desse texto, da religião.
Acredite em tudo.
No homem, no despertar da consciência, no amor.

Existem vários de nós caminhando até o primeiro bom dia.
Somos tantos nos álbuns de fotografias.
E a cada nova reflexão, sementes geram vida, plantas desabrocham, a terra nos respira e o universo responde a cada sorriso que oferecemos.

Acredito em você que acredita nesse texto.
Acredito em você que desacredita, também.
Sê inteiro é ser o outro.
Outro ser sê.