quarta-feira, 27 de março de 2013

Queimando calma

Queimando calma


Peço a Deus que me dê força
Para me manter de pé
Quando não houver mais chão
Que eu caminhe sobre a fé

Ódio é também amor
Dado de outro lugar
A escuridão sem fim
Se faz luz ao despertar

Queimando calma,
A arte impõe a alma
O encontro dos corpos.

Assumir um lema é entrar em dilema.
Nenhum problema. A saber:
Ao nascer, a terra respira você.

Distantes de nós

Distantes de nós


Adultos leem livros
Procurando formas de enriquecer
Sob pena de sofrer
O próprio ser

Crianças imitam bichos
Gozam a liberdade de querer trocar
A paz por um pacote de biscoito
Podem ver, o amanhecer, a grande novidade do nada saber
E sorrir, ao ouvir, contadas as suas bobagens grandiosas
As sua bobagens grandiosas

Que educação é essa
Que nos faz senhores de posses
Distantes,
Distantes de nós.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Duas ou mais visões

Um eixo, duas ou mais visões.
A madrugada, diferentes seres habitando os corações.
Quanto aos desejos, confusas intenções.
Colocaram à venda a branca de neve, surgiram mais de cem anões.

Depois perguntam de onde vem à marra.
Querem licença pra entrar sem respeitar as amarras.
Foda é querer e não conseguir chorar.
Escutar o evangelho e nas palavras nunca se encontrar.
Real mesmo é levar a fantasia a sério!
Revelações que trazem a simplicidade,
Como único mistério...


Quantos malabarismos são feitos por dia,
imersos em tanta hipocrisia,
pra negar nosso próprio juízo de valor?
O conflito entre o espírito livre
e as convenções já instaladas na mente,
que mente.

Voos turbulentos, metrô até nos becos
e a malandragem deixou de ser instrumento pra compor.
Agora é bolsa família, minha casa sua vida,
vote em mim que eu te dou.

E você que leu até aqui, aflito, do que recordou?
Vivências, memórias, histórias.
E dos seus erros lembrou?

É aí que mora o conflito:
Querer combater é o aviso da sua mente,
que revela o disfarçado juízo de valor.
Fudeu! Alguém pensou...

Romper a expressão

Romper a expressão


Quando o olhar cruzar o foco
Como quem busca romper a expressão
Não se esqueça de há quem tanger a arte
Entregar seu coração

Palavras desgarradas na brisa do instante, banho de chuva no mar
No balanço da gente que o frio esquente, eternize o passar...
Calmo ou sedento, andando ou correndo, tesouro é o ar
Lá fora te espera o que além da janela, não se pode enxergar.
ar.

Moitinho

Dedicada a Felipe Moitinho:


É natal,
Nenhuma falta faz o velho Noel.
O místico vive na simplicidade,
O presente fez morada na gratidão.
Nem sequer tenho consciência do que desejo.
Talvez não deseje nada,
Talvez deseje o nada.

O silêncio da madrugada não me perturba,
Motivo de sobra pra depois de tanto tempo voltar a escrever.
Mas não a verdadeira razão.
Atravessa o raciocínio o sorriso doce da namorada,
Outro dia ela me perguntou se eu sobreviveria na escuridão.
Que a poesia faz luz em qualquer lugar seria boa resposta, penso
No escuro em que escrevo na folha que rege a vertigem,
Do laço de um encontro, que nunca precisou de muitas palavras,
Nem de definições.

Escrevo porque assim como o amor,
A amizade brilha mais que a distância,
Que o desconhecido das nossas crianças,
E os porquês que deixamos pra ontem,
Quando ainda era amanhã.

E hoje o incentivo veio de um perto longe.
Veio de Moitinho, lampejos de moinhos, pra quem mando com carinho,
Minha benção e gratidão.

E eis que peço ao brado da palavra,
Que lhe abrace em peito forte,
Pra que firme o seu coração,
Ao encontro do seu merecido norte.

Súplica insana

Súplica insana frágil rasa
Como nossas vidas

Sem ganas
Sem dramas
Fome, só fome.

De quê?

A cegueira usa o ego pra poder enxergar...

Quando tudo vai bem...

Quando tudo vai bem


As pessoas me perguntam se está tudo bem.
Parei de beber, não me encontram na noite, o meu ídolo morreu.
Sorrio tal qual criança, como quem descobre a simplicidade como único mistério. Ecoa o canto de um sábio bigodudo, lembrando que mais importante do que o que a cabeça pensa, é aquilo que a alma deseja.
É que a loucura sã é mais real. E nem faz mal.
O dia também oferece escuridão. Como a luz que oferta a sombra. E também os raios de sol, que indicam a direção, a quem tem os olhos sempre atentos.
E num choro de luz, revelo um segredo que me contaram, a quem se interessa em saber:
A morte é igual a nascer.

Não coisa

Que coisa é essa que vive dentro da gente?
É silêncio, é grito. É partida, é chegada.
Semente e estrada.
Não podemos ver ou tocar,
Nem mesmo ignorar,
Por que subverte as horas,
Faz da noite sem fim,
Um instante de glória.

Que coisa é essa?
Que persiste, mesmo quando não há nada.
Que sabe mais de nós mesmos que um melhor amigo,
E faz do próprio umbigo um lamento,
Da riqueza tormento,
Da loucura libertação?

Que coisa é essa?
Que tem mais estrelas que o firmamento,
Lampejos de eternidade,
Despreza a razão, a idade,
E sorri pra moral?

Que coisa é essa?
Que torna o amargo tão doce,
A incompletude paixão,
Poesia salvação,
O amor gratidão?

Tem mais frutos que o mais farto pé,
E mais Deus,
Que um luminoso ato de fé.
Que coisa,
Não coisa se é?

Gosto de quem mostra os olhos

Gosto de quem mostra os olhos


Gosto de quem mostra os olhos
Mulheres, plantas, homens, animais
Gosto de quem tem nos olhos
Sonhos que não mostram
As manchetes dos jornais

Pra algo ser bom
Nada precisa ser ruim
Um alguém feliz
Encontrar ficou difícil

Indícios...
Precipícios...
Crianças livres
Adultos cheios de vícios

Por isso pense pouco
E sinta bem
Ao escolher seus amigos
Sua casa, seu alguém

Melhor ter pouco
E querer bem
O seu laço, seu abraço, seu amém

À margem do caminho,
Zumbindo a grande velocidade,
Um pássaro perdido com endereço certo...
O véu azul claro revela a noite,
No compasso em que dança um mendigo solitário,
Esbravejando doçuras e sonhos esquecidos.
O que nos salva é viver.

Peço

Peço


Peço
A minha profunda tristeza
Peço
Com firmeza e alegria
Façamos as pazes
Façamos as pazes

Histórias se repetem em vivências claras
Provei doces, amargos, mas não sou o mesmo
Já não sou o mesmo

Edifico sonhos feitos de flores
Procuro na dureza por doçura e amor
Por favor
Como for

Perto do mar, perto mar
Perto do mar, perto do mar
Para Yemanjá!
Peço força para trabalhar

Lamento da vida
Da morte
Perto estão! Cegos estão!
E você, o que vê?

Querer infinito II

O meu querer infinito
Já não trago escondido
Nem vagueia ao luar
Verdade que sinto e que firmo
Protegendo o amor
Que me sobra pra dar
Eternizado na força do tempo
Que me falta
Pra durar

Hace mucho

Hace mucho


Hace mucho me acompaña una gana insaciable de hacer poesía en castellano
Sólo para decir a algunos especiales amigos cuanto los quiero
Pero elegir palabras para hablar de amor no me parece sincero
Además cuando sí trata de algo intenso y desmedido
Más fuerte que el tiempo, la distancia y la eternidad
Por ser un soplo tan sencillo que hace mágica la vida
Y lo que siento cuando miro la ventana con mis ojos cerrados
Es que los llevo siempre a mi lado
Como una representación de un universo que confunde nuestra identidad

Saudade

Caboclo bom da floresta

Caboclo bom da floresta
Ofertado a Eduardo Valverde


Caboclo bom da floresta
Caboclo bom da floresta
Ensina os teus irmãos a trabalhar com alegria
Ensina os teus irmãos a trabalhar com alegria

Sê forte, não endurece, raios de Yansã estão a bailar
Sê forte, não endurece, a Mãe dos Ventos está a bailar
Encontra com Deus na terra, semeia a arte de amar
Encontra com Deus na terra, semeia a arte de amar

Entrego estes ensinos para resplandecer
Não é como você quer
É como deve ser

Entrego estes ensinos para todos resplandecer
Não é como nós queremos
É como tem que ser

Começar na vida espírita é cuidar do teu irmão
Começar na vida espírita é zelar o natural
E o amor é que traz vibração pra oração chegar ao astral
E o amor é que traz vibração pra oração chegar ao astral

quinta-feira, 14 de março de 2013

Sonho de menino

Sonho de menino


Sonhei esta noite que era um menino
Acordei chorando pra depois sorri
Esta noite sonhei vida de um menino
Acordei lembrando um pouco mais de mim

Caminhava pela orla da sua cidade
Procurando versos que deixou no caminho
Caminhava pela orla de uma cidade qualquer
Rastros de liberdade seguiam os seus pés

O seu maior temor era sentar a poltrona
Gozar a fama de uma fotografia
Entendia o dever como prisão de quem ama
Quadros e riquezas nada lhe valiam

Fez a sua morada na praia da barra
Fez sua morada numa praia qualquer
Vendia cocos frescos e amava demais
Pagava seu preço pra viver em paz

Mudou seu destino deixou tanto pra trás
E sentiu-se rico quando não quis mais
Sonhei essa noite vida tão bonita
Acordei procurando um menino em mim

segunda-feira, 11 de março de 2013

Silêncio impreciso

Silêncio impreciso
Ofertada a Lara Mendes


Breve abismo de um silêncio impreciso,
Quando a gente não se entende...
E eu sinto a tua falta
Em qualquer olhar

A alegria é mais bonita,
Quando você está presente
Mas sou grato aos meus amigos
Por poder cantar
A vida!

É que a alegria é mais bonita,
Quando a gente ama e sente
Que a vida é um presente
Para quem se dar

Mais do que feridas, flores nas sementes
Estrelas solitárias e seus lampejos inocentes
A distância prova o quanto junto se está.
Águas, plantas, um deserto a comungar

Coisas do coração
Não há razão
Sorte é ter
Amor pra dar