quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ao Belchior

Amigo Belchior,

Esse ano eu morri, mas no passado eu não morro.
Desnorteado existem lados, pedaços de fotografias.
Se foi presente o outro, na tal biocracia,
Formigas tangentes, humanoide terapia,
Já sei lá quem o que dizia...

E sim, há amor, ainda que provas não bastem,
Regressando em algum trem...

E ele me redime, da paixão sublime, distante do ideal.

É que mandamentos são úteis
nós,
amorosos fúteis.

Vulgaridade do mal.

Eu canto!

O chamado da floresta.
Entrego, desnudo, a alma, a calma...
Sorrisos, lagrimas e cânticos.
E tanto faz a verdade do universo, a existência ou não,
De deuses, conceitos, preceitos e religiões.
Pouco me importa, ideologias, a morte, filosofias.
Digo sim ao canto dos pássaros, ao mar, as estrelas...
Sim! Ao amor, a amizade, a entrega, a solidão...
Agradeço canções, tempestades, paixões.
E por estar aqui,
Eu canto!

Partindo

Avesso ás duvidas
No suspiro do dia
Dormia desperto
Um sonho
No saudoso coração
De um jovem andarilho

Sedento
Por uma calma impossível
Respirava com esforço
Lembranças ancestrais

Energias demais
Querendo mais e mais
E ele ali, verdin, simplizin, tal qual capim
Procurando por ela
A paz

Segurou uma mão, duas, três. quatro
Ciranda da terra
Que sente, semente, floresce
De explicação nenhuma carece
O amor

...

Homens trabalhando, limpando as ruas
Moças humildes, servindo o café
Caminhar de fadiga, passos e raios de sol
in lake ́ch, um salve, o bom dia dela
A vida segue, em seu lumiar divino

Assim, sempre assim, partindo.

Gurupá

Nem tudo me interessa
Confesso gostaria
Que tudo me interessasse
Mas me canso da cidade

Ando com o olhar meio distante
Quem sabe há procurar
Grande amor numa esquina
Um cais pra navegar

Maaa-raaa-jó...
Não tenha dó
Do meu coração

Guuu-ruuu-pá...
Marinheiro bom
Faz da vida seu sonhar

Viajar

Viajar

Hummn... Olá!
Dera dundera dundêê
Nesse planeta, eu acho, que não.
Foi só um clichê!
Um sorriso bonito, um encanto
Virtual
Será real?
Talvez não tenha mesmo razão

Tô aqui de passagem!
Tenho me mudado bastante
Instantes, instantes, distantes
Na verdade, esqueço! e quando esqueço
Me toomaa
Um antigo devir

Andarilho das ilusões
Um só coração...
Morando em tantos lugares
Diferentes
Dentro e fora de mim

Buscar um lugar, um caminho mais leve, que revele
Um pouco de si
Um trabalho, na vida, no mato, o orgulho
Que desperte...
Os sonhos

Do lado de cá
Só a poesia me salva
Da saudade que sinto de nem sei o que
Minha alma tranquila, minha carne nervosa
E a solidão, batendo na porta...

Não me identifico com nada

Não me identifico com nada
Nem mesmo com os passos que dei pra atrás
Aliás, ando também cansado
De ler os jornais, mentiras banais,
Uma vida sem curso...
Discursos
No facebook
Soa tão real...
A tragédia da vida

Do lado de cá
Só a poesia me salva
Da saudade que sinto de nem sei o que
Minha alma tranquila, minha carne nervosa
E a solidão, batendo na porta...

Crowler

Se a noite esclarece o suspiro que o dia escondeu,
Haverão segredos na fonte escura que Crowley mergulhou?
A sede humana que personifica divindades e extra terrestres,
Encheu de amor e gratidão bons homens,
Mas também ao nobre Raul Seixas confundiu.

Escutei de um amigo psicanalista que deveria temer o livro da lei.
Foi motivo suficiente para enfrentá-lo, consciente da trilha que devo seguir...
No fundo achei graça,
E já nem me importa quem tinha razão.

Meus olhos ainda brilham por ser parte da história.
E as estrelas refletem a imensidão.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Éden

Ofertada ao garoto amigo Éden
15/11/2013
01:15

Há uma estrela que brilha, para quem souber amar.
Todo Santo dia... Agradecer.
Toda Santa hora... Mudar.
O que tiver para mudar.

Lindas flores brancas florescem no coração dos guerreiros que caminham na luz. Abre o teu coração, meu filho, para sua estrela brilhar.

E então a ansiedade passará, as águas do teu corpo serão cristalinas, a vida será um brinquedo para zelar.

Que mamãe Yemanjá te proteja.

Um abraço do seu amigo e professor,

Pietro

Sem pedir licença

O sol anunciou o novo dia sem pedir licença...
Um beijo ardente no rosto de quem dormia,
Revelava o espanto e a vertigem de uma sensação ,
Tal qual a canção da mariposa que sentencia:
"A porta do inesperado aberta, hora que o sonho não sonhado desperta."

Folheando Leminski, recordo a metafísica da floresta,
E os versos que escrevi quando não levava a sério,
Que a magia regia a simplicidade, como único mistério.

Eis então que vem a velha novidade,
Lembrando que amar é coisa muito fina.
É ter a alma peregrina.
Viver a vida cristalina.


Mansidão

Dos lares aos bares
Violentas doses
De perguntas
Sem respostas

Seus goles seus pares
Amores tão frágeis
Quanto uma vida
Sem um sonho

Vai chorar também
Todo Deus que tiver
Coração

Vai sorrir também
Alma de quem tem
Mansidão

Duas metades em paz

Vem ver lá crime já a vida
No lacrimejar dos olhos
Tanto faz quem tem razão

Lua e sol se dão
Solidão é vã
Sem amanhecer perdão

Sou também você
No melhor e pior de mim
Imenso amor agradecer
Com a mágoa o que fazer?

...

Partir, desejando-te
O que também desejo haver em mim
Duas metades em paz

Deixa que voem...

Despertei cansado, um tanto triste, sem saber exatamente pra onde ir,
completamente desmotivado. Coloquei pra ecoar no quarto a oração de São Francisco e pedi orientação ao astral. E o divino Pai eterno me encheu de ternura e carinho, lembrando a minha matéria do que meu espírito já sabia:

Segue o teu caminho, com gratidão.
Divide o teu amor, com firmeza e alegria.
Liberta os teus amores. Deixa que voem...
Sem nenhuma mágoa ou julgamento,
Deixa que voem...

Todo mais, é nada.

Devir das coisas claras

Ao passo do tempo, um olhar distante. E triste, errante.
O sentir andarilho do confuso navegante. Voltou, partiu.
Tentou chorar e não conseguiu. Acabou o amor.

Deixou pela serra sementes, seus cabelos, e prantos.
Também gratidão, orações e saudades. Amanheceu a noite.
Ei! Olha lá aquele menino! O devir das coisas claras...
Um desenho sem nexo, o plano de quem trocaria,
A liberdade por um chocolate.

Mas ela me encanta, com seu D de devir,
Um grande sentir e um nome francês.
Eis a questão!
Complicado demais, pra um pobre rapaz,
Que perdeu sua paz...
Em busca do amor.

Chegue logo

Intuindo o tempo
Do amor tardio
Sangravam os poros
Doía o peito, a alma
No deleite da carne

Testemunha sagaz
A lua vadia
Sob a fé entardecia
O mar, as estrelas
Tem seu próprio tempo

A inspiração crua
Esvaziava o vazio
Da poesia perdida, nua
Amor, amor
Chegue logo

10/01/2014
Pietro Pascoli

Universos Paralelos

Universos paralelos
E por eles há quem queira se drogar
Talvez seja o precipício a metade do caminho
Quando o eterno se cansou de passar

Pedi a mamãe Yemanjá amor pra dar
Agradeci por compreender quem a realidade mal podia suportar
E depois nem sei quem sou
Cais que busco onde estará?

Unir versos para elos
E viajar bem além do mar
Onde estrelas são os guias da alegria
E só por outro irmão faz sentido trabalhar

Aqui na terra ninguém está sozinho
Fragmentos de luz, o milagre de cada dia, a oração
Peço a virgem Mãe que me cubra de carinho
E a Jesus o amém da gratidão

No chão deixei...
Flores brancas de Oxalá
Ao mar, entreguei...
Meu amor a Yemanjá
Aos céus roguei
Protegei-meus pais, os meus,
Meu lar

Canto a benção que recebi, com firmeza, bem baixinho
E sonho o novo amor, enquanto gozo a solidão

Pietro Pascoli
Quinta feira, 2 de Janeiro de 2014, Universo Paralelo.

Construir na oração

Não sabemos quem somos.
E quando traídos, torturados, humilhados, esquecidos?
Não sabemos quem somos.
E quando bêbados, estressados, loucos, pirados,
Embriagados de amor?

Quem sabe, somos?
O outro que reconhecemos em nós.
O silêncio que convida a voz,
Ao canto do coração.

De que séculos somos?
Se o existir é atemporal,
Igual a ti, outro, não há igual!
E ainda estamos viscerais,
No viver dos ancestrais?

Na estrada da vida, Pai, daime o ar.
Na estrada do ar, Pai, daime a terra.
Na estrada da terra, Pai, daime amor.
Construir na oração, seu sentido pra viver...

De volta a Salvador,
20/12/13

Asa aberta

Sabiá anunciou de asa aberta:
Tudo de bom, vôos lindos!
Cantigas, doces notícias, chegando na hora certa!
Mas o deleite do instante só existe agora.

Compartilhar o que se aprende é dever de gratidão,
Assim como doar amor é construir sentido pra solidão.
Escassez de água, de comida, de dinheiro,
Mas não de sonhos e fantasias.

Trocava ideia com a rosa branca, quando o vento adentrou a prosa.
Queria saber do beija-flor, que partiu ao entardecer.
O pensamento escondeu-se, cansou de escapulir.
Coração tambor, coração amor...

Revelações

Saudades de você ou do nosso amor?
Se há diferença já nem sei...
Certo é que sinto em mim toda vertigem de vida,
Carrego no meu caminhar todos os sonhos do mundo,
E acho graça até mesmo do errante sonhador,
No qual já não me reconheço na oração de cada dia.

Sou grato por tudo!
Pela oportunidade, por ter chegado em Serra Dourada,
Por ser outra vez estrada, partida e chegada.
As pessoas, aos encontros, aos instantes...
Mas sim, brilhantes e observadoras,
Lua e estrelas revelam:
Sinto sua falta!

Iluminai

Eis que chega o verso zelosamente aguardado...
Silencioso, manso, carinhoso. Que mensagem trará?
A cada palavra que se desenha, o coração vibra calmo, sereno,
Como quem sussurra grandes novidades:

O grande homem brinca por ser menino.
O grande feito brilha por ser humilde.
A grande mãe ama quando ensina a liberdade.

Meninos me ensinaram a alegria de trabalhar.
A humildade o caminho da liberdade.
Minha mãe o maior dos feitos: Amar!

A madrugada entrego tudo! Com a luz que Deus me dá.
Aos passarinhos entrego o dia, a gratidão e o meu cantar.

Pedidos apenas dois, com a incumbência que o verso traz:

- Iluminai os meus irmãos que estão na escuridão!

O outro, do meu pai me lembro, a sorrir:

- Mas a vida há de sorrir, um grande amor, está por vir...

O dom de sonhar

Sempre há vida. Tão doce, tão frágil.
Da janela vejo as ruas desertas. Que silêncio maravilhoso!
Sinto meu peito aberto... Tanta gente morando em mim.
O que vai ser do meu caminho? E meus pais, meus amigos, meus cães, meu gato... De mim se lembrarão?
Que bela a vida! Tão doce, tão frágil.
Pode ser que tudo se realize. Será bom?
Pode ser que nada se realize. Propósito haverá?
Calei enquanto pude, até chegar a poesia.
Amadureci tanto e me sinto cada vez mais menino.
O meu dom é sonhar.

Armaria

Menos tempo, correria...
Falta água, internet, dinheiro,
E no sol quente o corpo acompanha o coro das crianças:
- "Armaria!"

Um quinhão de coragem, em meio a tanta covardia...
Sobram sonhos, idéias, dignidade,
E o espírito cristalino segue o curso dos meninos:
Liberdade.

Tem gente que não entende que existem seres de verdade!
Não é pela conta bancária, pelo poder, ou pela vaidade...
E sim pela causa, pelas pessoas que encontram na serra uma razão:
Gratidão.

Lembrei da dona Maria! Saia cumprida, sorriso no mundo, não existe tempo ruim. E o que falar do menino David? Tudo por um carinho, um brinquedo, um aperto de mão. O Éden então... Menino sagaz, trabalho a mais, uma grande lição: A verdadeira amizade, que grande espetáculo! Não há obstáculo.

No futebol tem também um monte de reclamação.
Mas o vínculo fortalece, na firmeza que cresce, nos dias que passam,
nunca em vão.

Pra terminar, quero falar, do coração.
Repente da saudade, do pai e da mãe, amor e oração.
Saudar também a família Rayan, pela nobreza, simplória beleza, da união.
E a Tainã e a Glória, o carinho do irmão. Que Deus os proteja, nossa fortaleza, nossa comunhão.

E amanhã eu desejo, somente alegria.
Com a Virgem Maria e Juramidam.

Ciência da paz

A ciência da paz...
Paciência!

Tão bonita quanto o suspiro de um sonhador,
O velho homem cansado a espera do amor,
Um pássaro em busca da mais bela flor.

A ciência da paz...
Paciência!

Quanto tempo leva a criança para crescer?
O filho esperado para nascer?
Um sonho não sonhado pra despertar?

E será, amar uma forma de transformar, o tardio instante da eternidade,
No encontro de olhares que deixa saudades?

A ciência da paz...
Paciência!

E quando junto você estiver, do divino abraço da solidão, sorria com gratidão, vem vindo novo amor, é outra estação...

Sina

É preciso coragem!
Mais que sintonia e sorte,
Buscar a aurora de uma afinidade visceral...
Como a sede saciada em um só gole,
Feito o gozo derramado sobre a carne;
Lampejante, fugaz e também virtuoso em sua completude.

Desejo, no dourado da Serra,
Ensinar ao meu espírito a beleza do trabalho e da caridade.
Construindo o elo entre a gratidão pelas novas responsabilidades,
A disciplina e a preciosa liberdade.

Um amor já me parece pouco.
Anseio por amores.
Família, amigos, crianças, idosos e também as flores.
Para a flor que se destaque aos olhos do meu coração,
Por sua beleza ou estranheza,
Ofereço meu carinho e zelo,
Rogando a Deus que possa apreciá-la por inteiro,
Sem que seja necessário cegar-me ao néctar e ao brilho,
De todos os outros seres.

Quanto aos espíritos sofredores,
Ofereço minha luz e minha oração. Nada mais.
De todo me entrego apenas ao primor que ilumina.
Eis a minha nova sina...

Virá

A poesia quando quer desconserta todas as respostas
E exige de mim que desvende as perguntas
Que será que há além do que virá?

Cheguei ao velho sonho, pintei o meu caminho, quando dei por mim não mais sozinho, marcas das crianças por toda parte, eis a multiplicação da arte...

Cheguei com novos sonhos, inventei minha aquarela, quando vi já era nossa, idosos ensinavam a direção, dando as mãos na oração...

Esqueci a concordância lá em casa, mas veja só a graça, posso ir buscar a pé, cumprimentar o Zé, da família recordar...

Meus pais, minha família, minha menina, e a maestra poesia, mostrando que o segredo da vida é a ciranda, a tarefa dividida, como cresce, como anda...

Ame, seja grato, peça licença, trabalhe.
E tudo virá...

Nirá

Essas estrelas, aquele sorriso! Nossos beijos de paz.
A lua amarela, a saudade só dela, o amor presente demais.
E o dengo tão particular, que acompanhava um Nirá... Com camarão.
Ai meu coração! Cantador de laços e abraços, entregue - a estrada da vida
Vida bela, breve, verdadeira, valeu valeu!
Aquela menina, graça divina, aqui dentro d´eu.

Vixe, moço! Chega deu nó. Não há do que reclamar!
Santo remédio, purifica a alma, de quem acreditar.
Eita, moço! Mais forte que cana, cê há de provar!
Loucura do ser, pirar com prazer, embriaguez de amar.

O mínimo

O mínimo.
As coisas grandiosas não precisam de nós.
As pequenas, nos querem amar.
Estou mergulhado no afeto infinito do inútil,
Agora vai tardar um pouco mais a minha poesia.
Escolhi vivê-la em tempo integral.
Assim, passo a passo, passo a pássaro,
Tal qual criança aprende a ler,
Faço da simplicidade um jeito novo de cantar!

Escrevo o meu silêncio pra que ele grite.
Escutei o que disse Manoel e resolvi pegar na bunda do calor.
Me ri e entendi o chamego do vento.
Aceitei enfim que vejo mesmo coisas que não existem.
Me aceito, finalmente, como sou.
Com tudo que tenho e tudo que sou.
Minha disfunção cerebral é ser poeta.
E bebo um xarope que me ajuda a falar com Deus.

Gratidão, Serra Dourada!
Aos meus amigos, familiares e amores,
Estou aqui.

PS: As estrelas brincam de ciranda!
Daqui da varanda dá pra ver!