segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Serra Dourada

Nas voltas que o mundo deu...
Me dei o quanto pude dar.
E as sementes que aqui
Nesse chão plantei,
Ainda volto pra ver brotar!

Mesmo com o coração nas mãos,
Não há o que lamentar!
Por tudo que acreditei, lutei.
Com Deus estive a caminhar...

E aos que por cegueira, maldade ou ambição,
Criaram obstáculos nesse florescer
Peço com firmeza na oração:
Iluminai para que possam ver!

O sorriso das crianças a brincar,
Dividindo o que se sonhou...
Ensinos que trazem paz,
Aquele que entendeu –
Que só é nosso o que a gente dá
Nos olhos de quem recebeu.

Nas voltas que o mundo deu...
Amei o quanto pude amar.
E as lágrimas que aqui
Nesse chão chorei,
Ainda volto pra ver brotar.



Vivendo a gratidão,
Após um ciclo de trabalho social em Serra Dourada/BA.

Velejei a dor

Velejei a dor
Cantando ao mar
Canções de paz

Meu coração
Já nem sabe mais
Onde quer chegar

Será que há?
Um amor, um sonho, algum lugar
Nosso Deus!
Pra descansar
Essa tristeza que insisti
Em ser meu par

No chão deixei...
Flores brancas de Oxalá
Ao mar, entreguei...
Meu amor a Yemanjá
Aos céus roguei
Protegei-meus pais, os meus,
Meu lar

O viajante e o velho senhor

- No coração... Neve.
Suspirou aquele velho homem, com seus olhos de águas turvas.

Com carisma, o viajante ergueu sua mochila e esboçou um sorriso firme.
- Quer vir comigo?

Uma alma entusiasmada, uma vida calejada. Sorriu o senhor em sinal de gratidão, mas permaneceu em silêncio.

O viajante então, como forma de respeito, seguiu o seu caminho.

E o senhor teve um presságio:
- Esse garoto merece ser feliz...

Tristeza não tá com nada

Pensando bem, essa história de tristeza não tá com nada.
De repente, a mente, sente, que não manda em nada.
Faz valer a vida a estrada, perder uma vez não atrapalha nada.
Nada nada nada não!
Perder de vez a razão!
E ser, então...

Lá vem ela de novo, a tentação.
A pele, a carne, a noite vã
Insana, chama, arde, alarde, invade
Domina, a sina, dos prazeres, ensina
O caminho do coração
E ser, então...

Livre pensar
É só pensar
Será?

Peço ao meu ser
Pra ser
Se for
Amor
Amém

A espera

E então ele decidiu retirar as fotos da parede,
Como quem tenta afastar a tristeza.
Podia chorar em paz, não havia ninguém por perto.
De nada adiantou.

Parecia mais fácil perder a razão.
Mais uma dose, por favor!
Tantas lembranças, todos os sorrisos.
Ela era a melodia do seu coração.

- Eu vou esperar por você.

O que poderia ter feito diferente?
Os dias passam depressa, as noites parecem iguais.
As estrelas formam a constelação de um nome.
Ela não vai voltar.

- E eu vou esperar por você.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Clarão

Pingos de chuva banhavam lentamente o medo.
Sentia gosto de vertigem, de vida, de estrada!
Fragmentos de luz, lembranças, cheiros e sons. E de repente... um clarão. Sim, um clarão!
E finalmente ali estava eu, entre a terra e o astral, ventos e mares,
Despertar da consciência e solidão...
Eu queria ser feliz.
Como quem inventa em si, o próprio amor.

Seria esse o trem pras estrelas? Será o meu ego? Concentração.
Procurei com os olhos a rainha do mar, como quem intuitivamente,
Sabe exatamente onde o intangível encontrar.
"Olhai teus filhos aqui na terra, oh minha mãe..."
Ela sorriu pra mim. Tocou meu coração profundamente,
Já não havia medo algum. Se foi a tempestade.

Comecei a dançar com a flor do vento, agradecendo loucamente a maré, as estrelas, os meus amores que naufragaram, os instantes de nenhuma lucidez. Finalmente estava pronto pra seguir viagem.

Se serão escuras ou cristalinas as águas que irei navegar, pouco me importa. Peço amor a Virgem Mãe, firmeza a Jesus Cristo e gratidão ao Pai. Meu caminho é o do amor, Janaína abençoou.

Quanto a minha solidão... Faço amor com ela.
E de brinde ganho a poesia dos encontros.

Mas os olhos daquela menina, fruto de minas gerais, será difícil esquecer.
Como a canção do Milton,
E os sonhos que não envelhecem...