Poesia compartilhada

Poesia compartilhada
Por: Gabriela Aparício de Carvalho e Pietro Pascoli

Quem quiser lapidar uma grande amizade,
Sincera, íntegra e que se possa dizer: essa é de verdade!
Que aprenda a discernir...
O valor dos olhares, zelos, instantes e o tempo exato de partir.
É que o nosso mundo, tantas vezes, é regido pela ilusão da matéria.
E é preciso fazer da brincadeira coisa séria!
Pegar na cauda do cometa, pilotar a nave que pode ser rabeta,
Até chegar no silêncio do rio...
Onde descansa o sol.

Encontrar então o menino, o peixe e o pássaro de prata.
Irmãos da lua, trovadores das estrelas, amigos volvidos num coração...
A separar o joio, o trigo e compor a canção:
Melodia em laços, passos, saltos de luz e sons telúricos e celestiais.
Afinal, o que é o medo diante do amor? O que é a fraqueza diante do ser?
Diante de nós, agora, a vida resplandece!

Vida. Cristalina, límpida e bela.
Todos os tons de sonhos e cores se enxergam nela.
Os abismos, os laços, as diferenças de um mesmo universo.
A grandeza do grão, o latido do cão, a menina e a flor.
Que os cortes mais profundos revelam a imensidão do perdão.
Que os gestos mais simples demonstram o quanto se tem pra dar.

Ferida ou semente a desabrochar?
As pétalas, o aroma, as folhas, o rizoma...
A textura, a raiz, o vento e a cicatriz...
Ao descobrir o mundo, descobrir a arte.
Ao regressar ao solo, aprofundar-se em si...
Para a alma, perdoar é voltar a sorrir.
Ao menino, agradecer e nutrir.

Menino, menina, flor, beija-flor
Unindo alegria e dor, enfeitando a nova estação!
Onde homens e mulheres, seguem a mesma direção.
A colheita, já é plantação.
Criador, criatura, somos beleza e formosura.
A ciranda acontece, feito romance entre o delírio e o real.
Num verso mágico, com um segredo emblemático,
Carimbado no etéreo do astral:

Firmar a amizade é afirmar valor aqui na terra.
Que o mundo precisa de ternura e mansidão.
Respeito e paciência.
Alegria e união.
Dar as mãos, dar as mãos...

29/01/2015

Passagens e Paisagens

Passagens e Paisagens
Ir e vir, sentir!
Desnudar o corpo e a alma...

Crer pra ver,
Tudo que quiser viver
Deus em nós...
Acalma.

Águas cristalinas, sonhos de verão
Pra mais bela menina semear o coração.
E ter... coragem pra aprender amar!
Passagens e Paisagens, tantos os caminhos...
Recordações de um Sabiá, filhos e carinhos.
Que o encanto de saber, quem o outro é
Traz coragem, amizade e eleva nossa fé.

Se quiser se achar... basta procurar os seus.
Ás vezes perder... é mais nobre que ganhar.
E pra transcender, fechar os olhos e se entregar
Grato pelas dores... que vem ensinar:

Da vida errante
Outro instante
Pra lembrar
A paz

O espelho não reflete mais
Mentes cheias
Idéias vazias
Dias e mais dias
Sem mais

A saudade
Só da solidão
Que não deixou que nada fosse em vão

E a quem te deu alegria,
Companhia...
Como retribuição

O eterno se cansar de passar

Suave, sereno, tranquilo
Feito vento que sopra os cabelos de um jovem triste,
Deitado aos braços da mulher amada.

Sê forte, não endurece, deixa-se bailar...
Tal qual o romance entre raios, relâmpagos e tempestades,
Que anunciam nossa pequenez diante da majestosa natureza.

Vem cruzando mares, lares, ruas e esquinas...
Avassalando sonhos e paralisando instantes
Inimigo e zelador primordial da vida,
O medo e suas feridas.
Adormecendo as ganas de viver,
Ruindo no coração das pessoas a vontade de se aventurar
Mas a gente ainda quer amor pra se aquecer

Nós queremos uma luta pra vencer
Um bem pra se aconchegar
Uma casinha branca pra pintar
A criança interior que só quer brincar
E até rir da graça que é perceber
O eterno se cansar de passar

Flor do Cajueiro

Dividindo alegrias, segredos e transformações,
Fui enxergando com mais calma as esquinas da estrada.
Segui os sinais e renunciei aos impulsos sorrateiros
Deixei a chuva lavar minha alma, entregue a flor do cajueiro...

É mais simples do que parece, seguir o caminho da luz
Basta ser leal, verdadeiro e estar disposto a mudar de atitude.
Corrigi o meu bailado e comecei a prestar mais atenção,
Ao tempo da vida, passageiro e em constante mutação.

Lembrei mais uma vez que o mundo segue em guerra,
E do quanto é bom ter novos e velhos amigos, esse valor afirmar!
Uns não nos deixam esquecer de quem realmente somos,
Outros nos motivam a cantar e melhorar.

Plano A, plano B, fui escutando os chamados da floresta.
Raiou o dia e segui firmado, pelejando pra honrar o hinário,
Ajudar com o melhor de mim na passagem do padrinho Sebastião.
Viva a sagrada doutrina! Gratidão, Gratidão, Gratidão.

Lá vem o Sol, a clareza do pensamento, a serenidade do coração...
O primor pra quem tem merecimento, de reconhecer o mal momento,
Se humilhar e pedir perdão. Que a vida é coisa muito séria e eu quero estar
Para sempre e eternamente, junto a Deus em bom lugar.

Dançando na beira do mar

Estão dançando, agora mesmo, em algum lugar...
Vidas perdidas, pessoas esquecidas, não conseguiram se ajustar
A tanta maldade, compromissos, padrões, de grandeza e cegueira.
Pra eles mais vale, as sutilezas do dia
Encontrar nas pequenas coisas, alegria

Estão cantando, agora mesmo, em algum lugar...
As dores vividas, histórias desconhecidas, pra que possam resistir
A toda essa pressa, controle, ambição, falta de amor e união.
Pra eles são tão mais brilhantes
Olhares sinceros que diamantes

Penso na gente de lá, descubro as pessoas de cá
Procuro emprego, autonomia, sentido, tesão
Malabarismo pra comunicar o que sinto sem perder a razão
Vejo cada certeza ruir, germinando movimento e inquietação
Pra cada coisa que vem dando errado, ofereço gratidão

Aprender a ser quem se é
Luminoso ato de fé
Ainda assim, lembro que tenho uma missão.
Me submeto a essa lógica estúpida, buscando uma forma de nos libertar
Meu coração segue dançando,
Na beira do mar...

O bem que tem outro alguém

O amor que sinto
Por esse bem
Que tem outro alguém
Está aquém,
Do meu entendimento

Não me entenda mal
Não sou o tal
Sou feliz.
É que exagero no meu jeito,
De querer amar para viver

Mas esse bem, entretanto, entre tantos,
É razão de alegrias e prantos.
Porque a ele entreguei o meu zelo, o meu canto,
Nos meus caminhos e sonhos errantes.

Faz tempo que não o vejo.
No último encanto, estávamos juntos.
E não houve sequer um olhar,
Quando ela contou que novo vento buscaria
Ventania...

Brindei esse amor com poesias!
Que falam do encontro dos abismos,
Do laço do nó...
Doeu. Foi sem dó.
Mas também ficou um novo verso
Flutuante, dono de suaves instantes,
Que gosto de cantar:

Nada acaba meu amor
A vida continua
Quem deixar a alma nua
Saberá recomeçar

Flores pro incerto

Descobri um novo caminho,
Mais calmo, sereno e tranquilo...
Feito água de um rio cristalino,
Como a pureza de uma criança

Entendi o que é um compromisso
E também a razão do atraso.
Um é chave de lealdade,
Outro a preciosidade do instante

Todos os caminhos abertos
Pra quem respeitar a estrada.
Na escuridão do caminho,
Estrelas iluminam a jornada!

Nem sequer um lamento...
O que não era pra ser,
Alguma razão haverá.
Flores pro incerto eu guardei pra ofertar...


08/01/2015

Maré em órbita

Pra onde foi o meu controle da vida?
Na linha tênue entre a loucura do mundo
E um outro mundo que aqui dentro do peito,
Transborda de inquietações e desejos...

Adentro o mar
Maré em órbita
A saudade de um bem
Que tem outro alguém

No fundo do mar
Saludo todo universo
Peço calma aos meus versos
Para navegar

Quem sou, por onde ir, quem quero ser?
Todos os meus passos
A vida e os seus laços
Sendo guiados por Deus

E vamos observando
O sol beijando a praia
Que é pra ver novo amor nascer


Jericoacoara
05/01/2015