segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ásperos segredos

Ásperos segredos


O que te movimenta?
Nem sempre soa bonito, doce ou suave.
Leveza é aprender a dançar com a dor,
Tal qual criança brincando com fogo!

Que meu sangue seja chama,
Ardendo imerso em orgulho próprio
A primeira pessoa que esqueço?
Eu mesmo!
O limite da estupidez é o silêncio que ensurdece

Então me vem uma lembrança...
Não me arrependo de nada!
Assim como a dor guia o poeta,
Rege o tesouro a desorientação.

Não! Não quero mais o que não presta!
O medo nunca impediu os Vagalumes,
De brilharem na escuridão...

Um bom chá ferve na varanda (e outro, na mente!)
E com a calma de quem ainda amadurece,
Observo minha cidade entregue...

A ásperos segredos


Durante a greve da polícia em Salvador.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Feridas de Amor

Feridas de amor


Olha só o desejo, de ser desejada!
Sentindo o que não sente, vai sendo guiada,
Por falsos relatos dos próprios sentidos...

Não haveria nenhum problema,
Não fosse letal!
Um toque de loucura, na saúde mental
Me ver entregue aos mistérios do amor.

Procuro à cura na curva do instante,
A vaidade se torna desimportante,
Quando mergulho no vão sentido...
E ouço vozes de antigos desejos,
Ao encontro de um amigo andarilho,
Preso às respostas que nunca encontrou.

Surge então o oportunista,
Aquela velha normose tão capitalista,
E oferece o caminho que ele mesmo traçou...

Só pra testar tanta hipocrisia,
Tal qual vira-lata, reviro seus restos...

Eis que descubro feridas de amor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Utopia pra pensar

Utopia pra pensar

Pra ser bem sincero
Nem estou tão triste, como achei
Que seria sem você

Se me desespero
É que exagero, no meu jeito
De querer amar para viver

Quanta coisa anuncia como achar a paz, a cada dia
Se entregar de corpo a dor, dor-me-cia.
É que amanhã é-seu lá fora, a sua fantasia
E acordou no peito, o que nem dormia

Algum sentido deve haver no que não entende a visão
Que sentido pode haver na televisão?
Se em outra circunstância vai estar você
Se moldando, se ajustando pra poder vender

Resista e Reinvente sua Existência
Faça bom uso do maior presente, sua consciência
E se precisar do algo mais se inspire no amor
Mas nunca aprisione outro beija-flor

E o beijo que a menina cor de mel me deu
Trouxe a paz que busquei por tantos lugares
E se soa utopia pare pra pensar
Que ela também serve pro seu caminhar

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu vou de buzu!

Ofertada a Taíze Bastos

Ela quer saber como conduzo a minha vida
Se vivo com juízo ou não temo as feridas
Quando boto o pé na estrada acelero ou freio a dor
Tanto faz a direção se o caminho for de amor

Falou que dirigir um carro mostra o levar da vida
Sútil, como é que pode, esperava ser ouvida
Mas o trânsito da existência me soava tão banal
Veio logo o desencanto recordar do carnaval

E nenhuma sinaleira vai saber me revelar
O meu ser tem muitas cores e jeitos de caminhar
Se quiser saber quem sou melhor ir tirando a roupa
Ou invente qualquer coisa, lucidez é estar louca!

E a respeito do meu jeito de fazer amor...
Bom dia cobrador! Qual a boa? Como vai você?
Obrigado motorista! Muita paz! Muita luz!
Isso diz bem mais de como a vida alguém conduz

Tanto faz a direção se meu caminho for amor
Minhas rodas são minhas pernas
Meu volante, coração!
E se tudo se dá na relação

Eu vou de buzu!
Eu vou de buzu!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vai passar

Ofertada a Taíze Bastos

Essa é a parte do show que eu piro!
O sol já não está pra depressa passar
É fim de história pra começo de conversa
E a saudade do que nunca aconteceu
Como se tivesse acontecido me vem incomodar

Outras flores parecem sentir o cheiro do fim
E surgem nas janelas, como quem tenta avisar
Tropeçar na rosa é cair no jardim, por certo
Pernas pro incerto eu guardei pra caminhar
Mas doutor, ainda gosto dela!

Vai passar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Nada por chegar

O nada por chegar

A vida em desague escorre pelas feridas...
Quedas e vertigens,
Solidão!
Não faz sentido dissimular
O próprio juízo de valor
Desatenção!
Não posso ser mais um idiota sentado
Esperando um milagre cair do céu
Quem foi que disse que milagres vêm do céu?

É doce! É nada!
Doce nada num barquinho de papel
Outra vez despencando
Pra ver melhor o chão de perto
Errante, por certo!
Cavei nas profundezas da loucura
Passagem.

Depois de ler, a vontade de rasgar a folha
Talvez fosse melhor perder o juízo
De que vale o paraíso, sem morder a maçã?

No barquinho doce a nenhum lugar
Ainda resta o nada por chegar

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cuidado Astral

Cuidado Astral
Uma homenagem a Seu Sérgio Loreza,
Por contribuir com sua vassoura e sua alegria pra poesia das ruas:


A terra despiu a alma, parou pra ver!
Estranho movimento de órbita, soou tão natural
A poesia nua seduzia as estrelas
Revelando do infinito, sua face mais carnal

Viajo de volta ao cotidiano,
Devaneios de estrada sentenciam a direção...
Robôs coloridos estão por toda parte
Suas marcas estampadas, imbecil decoração

...

É noite na praia da barra, doce vertigem
Uma cueca azul veste um louco doidão
Mergulha junto ao corpo uma fugaz embriaguez
O mar silencia as dores do coração

Amanhã é seu lá fora. Novas marés, novos mares, mesma hora!
Sonhos alimentam a fantasia de quem tem coragem pra ser quem se é.
E a espera do buzu o gari me ensina,
Da grandeza de quem vive
Romance astral com a invisibilidade social

Olha menino!
Sonhar é coisa muito fina
É ter a alma peregrina
Viver a vida cristalina

E quando clareia a visão
Cantando essa canção, uma só questão
Realmente importa pra mim
Qual será o nome do gari?

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Entrelaço do compasso

Entrelaço do compasso
Autor: Alô Pietro! Você tá mudando as suas poesias?
Não. Eu tô versando as minhas mudanças!

O vazio pensa saber de cor tudo que precisamos sentir
Num tom de ser que o coração preenche com saudade
Fugazes desajustes de alma que deixamos no caminho

Cheiros e vozes confundem o que fomos com quem somos
Na ingenuidade leve e doce que achamos ter perdido no instante
Eternizado pelo abraço da nostalgia

Despedaço os encontros
Onde procurando, me perco
Deixa a água correr pro mar
Deixa a água correr

A dor, sempre silenciosa em seu clichê aflito
Grita suplicando as marés um só momento entre os grãos de areia
O amor, sempre sereno em seu clichê divino
Pulsa seduzindo as marés a viver um oceano de loucura entre as sereias

O mesmo sorriso que torna as coisas lindas tão mais lindas
Traz a lágrima de ausência que arde o peito
E o mal estar na presença das pessoas
Lembra do quanto a solidão é companheira

Brinco de colorir os encontros
Onde perdido, me acho
Deixa a água correr pro mar
Deixa a água correr

Pra onde o sorriso bobo não disfarça
E a liberdade entrelaça
O compasso do amor!

domingo, 29 de maio de 2011

Mesmo quando amanhece mentira

Mesmo quando amanhece mentira


Da janela em que vejo as mesmas sempre novas imagens
É que sinto uma enorme saudade de quem não fui
E um breve lamento se perde no reluzir dos dentes
Sorriso que contempla no horizonte um passarinho
Namorando o vento, e ele tem a minha cabeça

E do lado de dentro da janela fica claro
Que a dor de perto
É fraqueza de quem em vão tenta fazer o certo
Seduzido pela princesa errante do deserto
Enganando os desenganos que deveras sente

E isso me faz lembrar que a verdade se faz presente
Mesmo quando amanhece mentira

quinta-feira, 24 de março de 2011

A passagem do dia a arte

A passagem do dia a arte


Na passagem do dia a arte
Havia por toda parte
Vontades encobertas, conversas vans
E alguns olhos tristes

Foi então que o mundo parou pra ver
Um jovem a balançar sua planta com as mãos
E um velhinho se aproximar a dizer:
“Cuidado pra não machucar sua folha!”

E assim os olhos tristes puderam entender
Nada é em vão na passagem do dia a arte
A poesia está em toda parte

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cegueira do lamento

Cegueira do lamento

A estúpida ideia do poder, do querer de quem a quê, lembra a oculta relação, de um mundo sem razão.

O nosso desconforto,
cada vez mais violento e desatento, vão tornando natural o absurdo, de lamentar a vida.

Causa e efeitos se confundem, e a dimensão do desespero, transforma em causa pacífica, a sórdida vontade encoberta...
Enquanto nos espelhos

Peculiares formatos sutis

Assustadoramente assumem

Aquilo que não pode ser visto



Lamento da vida
Da morte
Perto estão! Cegos estão!
O que você vê?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Em defesa da pequena flor

Em defesa da pequena flor
Para Nadjane Sampaio


Pensei em trazer o Drummond
Mas justo não parecia
Despertar todo esse dom
Pra quem não sente poesia

Lembrei também
Do famoso pôr do sol
A inesquecível morena
E as cores do farol

Qualquer dia, senhores
Eu convido vocês!
Lá cabem socialistas
E até mesmo um burguês

Podem levar também o recalque
O veneno, coisa e tal
No nosso jardim encantado
Não floresce o mal

Nem nos olhos da pequena flor, tão ingênua
Mas com sabedoria divina, vejam vocês!
Eis que a maldade bateu no peito
E voltou pra quem mandou
Transformada em energia positiva e amor

E toda riqueza reluziu
Nas coisas que vocês não sentem
Que bom que nunca é tarde
Abram os olhos, o Bem está em toda parte

Já vou indo, senhores! (a pequena flor ilumina minha janela)...
Deixo luz outra vez
E que a inveja um dia
Liberte vocês

Paz!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

As mágicas da vida

Renovação tem gosto e cor de infância
Talvez por haver sempre tempo pra ser criança
Viver de brincar e acordar pra sonhar
Respirar o milagre de ser novo a cada dia

Pôr sol onde chove e poesia no silêncio
Fechar os olhos e distinguir quem foi de quem se é
E abraçar o frio bem forte
Pra lembrar que a vida é a gente que ri

E as lágrimas? As lágrimas a gente mistura
Com as gotas de chuva que o vento carrega
Sensibilidade é hábito, assim como amar!
Sem pressa, purificar o coração

Pra ser muito mais o que sente!


Santiago de Compostela, Espanha.
Contemplando a catedral...

Versar é dança

Versar é dança


Pensava escrever sobre a dor
Mas o ridículo sussurrou um segredo:
Sentir dor tornou-se clichê demais
Versar combina mais com dança
Entre vento e mar que ensinam a direção
Quando derrubam os castelos que fazemos na areia

Percebi desfrutando os aromas das flores
Que o menos importante do perfume é o frasco
Quando invisíveis sobrados coloridos
Sopram a voz do coração

A misteriosa realidade da vida

A misteriosa realidade da vida


Trilhando a desordem do tempo
Buscar em si humildade se faz necessário
Pra respeitar as pedras no caminho
E subir um degrau de cada vez
No curto sonho da vida

Almas gritam em silêncio
Enquanto mentes combatem as imagens obscuras
Dos erros que se repetem junto com o tormento
De ver o passar do tempo e a escada no mesmo lugar
Na dura realidade da vida

Se perder também é caminho
Gratidão a Deus por toda dor carregar alguma lucidez
E pela compreensão de que o que a sociedade aponta em alguém como problema
Pode ser o que ela possui de mais precioso
No doce sonho da vida

Abismos podem ser rasos ou infinitos
Quando a própria mente aprende a pôr ilusão em sonhos adormecidos
E vai alimentando sorrisos, um de cada vez
É preciso aprender a enxergar a magia dos degraus
Na misteriosa realidade da vida

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ver melhor

Ver melhor


Não querer as coisas perfeitas
Quereres em movimento
O açoite que traz a noite
Errante! Sem lamento

Frutos da madrugada para o silêncio se oferecem:
Nobres segredos contados aos gritos
Pelos loucos,
Sóbrios loucos!
Reflexos de cada um de nós;
São pessoas que excluímos,
Temendo peculiares formatos sutis
Que assustadoramente escancaram
O que nos negamos a enxergar

Pessoas envaidecem
Seduzidas pela ditadura dos padrões
Status, riquezas, ilusões de um sombrio espelho
Que as conectam por um desconhecido vazio
E o que é que foi perdido e violentado,
Pela sórdida vaidade do espelho que desune essência?
Talvez pela sede do momento
Talvez para engrandecer o que reflete

Estarão todos cegos e enfermos
Na medida em que creem ter?
Ou serão só espelhos refletindo
Espinhas sem humildade?

Vai estrofe torta solta
Buscar um porto, vai!
Ardendo em fogo
Pra ver o que atrai

Vai, acorde! Louco, torto, solto
Leva embora minha vaidade
Faz o espelho refletir verdade
Pra que eu possa ver melhor

Ver melhor...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Canção do aprendiz

Já não posso aceitar...
E nem mesmo entender, o que,
Leva um homem a fazer, outro homem sofrer
Será falta de poesia?
Há quem saiba preencher
Com ela a barriga vazia

E há também
E há também, meu bem!
Quem aparente não ter nada para impressionar,
Nem por fora nem por dentro
Mas quem será capaz de ver a noite cruzando o mar
E os sonhos que carregam o vento?

Vou aprendendo a perguntar,
Na simplicidade de um aprendiz
Ainda que tenha provado tragos doces e amargos,
Já nem sei se meu paladar segue sendo o mesmo

... Perder-me ensinou-me
Que foram meus passos e não o caminho
E que não haveria paz
Perseguindo ao destino

E aos passos de aprendiz
Não dissimulo e abraço o que vem
Chamando cada coisa por seu nome,
Lembro que poesia é forma de oração!

Aprendi a não querer mudar as flores,
Ao ferir-me nos espinhos.
Quanto mais profundo o corte for,
Mais beleza há de ter!

Aquele que teme o erro,
Angústias, si mesmo e até a dor
Talvez lhe falte ainda
Embriagar-se de um grande amor

Nenhuma análise explica o que é o Amor

Nenhuma análise explica o que é o Amor
Ofertada a Psicanalista Clarissa Lago


Ver crescer...
No devir daquela melodia que nos ensina a amar
Sonhos e laços e passos que tanto inspiram a cantar
A força incrível do que quer se revelar
Na essência do teu ser
Liberdade há de ser
Um delírio tão real!
Será o verbo sentir, atemporal?

Renascer…
Nas águas mansas que um dia
O seu menino chorou
Pranto de luz que reluz a história
De um grande amor
Aquecer a mansidão
Entregar o coração
E ver...

Além do que existe
Sentir além do que há
Não deixar que catequizem o verso
A marca do seu caminhar

Quando a gente pensa, liberdade ou sentença?
Quando pensa, em quem não pensa?
E quando somos, escolhemos ser?

Diferentes mundos escorrem sob as cordas do coração
Mentes confusas lançam seu brado na noite
Amanhecem silêncio procurando resposta

Erráticos, errantes, pseudo pensantes
Quando me falaram que real não seria
Eu disse preferir a fantasia

Recuando aos poucos, sem nunca perder a direção
Novos contatos, abismos, relatos, fatos
Surtos da mesma contradição

Não tenho nada controlado, só uma imensa vontade de viver!
Entre a falácia do apego e o medo da rejeição
O Poeta sempre antecede o psicólogo

Nenhuma análise explica o que é o amor

Pietro Pan