domingo, 26 de maio de 2013

Coração dilacerado

Coração dilacerado quase não bate, imenso vazio sem vontade.
Dor sem graça, sem vida, sem vaidade. Apenas tristeza e saudade.
Erros cegos, balas perdidas com endereço certo ao abismo vil.
Arrependimento insuficiente, como ser incompleto, como ser gente.
Não há sombra de um sorriso, não há esperança, não sobrou quase nada.
Agarrar-se ao aprendizado é o que resta...

Só no amor cabe desejar que o outro seja feliz sendo infeliz.
Só no amor é possível dar sem exigir ser correspondido.
Amar.


Lembra aquele dia?

Lembra aquele dia?


Lembra aquele dia?
Aquele, em que o celular pediu pra ser cantado.
Você ligou pro velho amigo cantarolando versos novos.
Ele nem entendeu a idéia, mas achou tão lindo...
Que até chorou.
E o celular agradeceu.

Lembra aquele dia?
Aquele, em que o computador pediu pra ser pintado.
Você montou imagens de encontros da família.
Ela nem soube, mas você chorou como uma criança...
E depois sorriu.
O computador também.

Lembra aquele dia?
Aquele, em que a casa queria os amigos reunidos.
Cada um deles chegou trazendo uma alegria própria.
A gratidão dançava com os instantes como se houvesse a eternidade.
Deus ficou orgulhoso.
A casa também.

Lágrimas ao vento

Lágrimas ao vento


Lágrimas ao vento são pontos de luz
Benção da chuva que molha o corpo
Penetra o ventre dos anseios
Com beijos de calmaria que a vida traz

Sabe, são surpresas da vida...
Sinta, é a brincadeira de viver...
Enxergar no pouco, tudo
Enxergar como a criança enxerga:
Com a alma!

Somos mesmos diferentes,
Uns entoam um mundo azul,
Outros escutam o chamado do lilás
Se você deixar o coração bater sem medo,
Anormal é não viver em paz

Lapidar o mundo com os olhos
Amar a loucura que consigo traz
Chorar toda luminosidade
Fazer do coração tambor
Ouvir o som dos nossos ancestrais

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O irresponsável por vocês

O irresponsável por vocês


O irresponsável por vocês,
Não tem ambição, não tem razão, nem fama.
Foi condenado ao vazio da calmaria.
Ele simplesmente não pode prometer nada, nada.
Porque sua sina é viver apenas,
O instante.

O irresponsável por vocês,
Coleta pedras no caminho.
Gosta delas e as cuida,
Brinca de colorir tudo, tudo,
Que sozinho não se move.
Ele simplesmente não pode ser nada, nada.
Porque sua sina é ser apenas,
O instante.

O irresponsável por vocês,
Ama os seus tormentos,
E os conecta sempre, sempre,
Com os seus amores.
Ele simplesmente não pode ter um lar,
Porque o seu devir andarilho faz de todos, todos,
Sua casa.

O irresponsável por vocês,
Não teme a loucura, nem o tempo,
Ele sempre perde a hora.
Não pode simplesmente porque simples mente,
Pouco lhe importa onde vai chegar.
Sua sina não é entender nada, nada.
Porque escolheu aprender a amar,
Tudo, tudo.

Vozes

Vozes
Ouvia vozes!
Coisas
E via coisas...


Contava sobre algo que ninguém queria ouvir
Há tanto procurava por alguém pra dividir
Será que ficou louco
Ou já nasceu assim?

Tanto faz!


Arrumem um centro espírita,
Providenciem outra internação.
Na verdade pouco lhes importa
Um hospital, uma prisão


Ele ameaça...
A nossa incrível normalidade
Revela qualquer coisa,
Sobre a nossa velha sina


Uma bela identidade...
Cheia de mentiras!
Egos e vaidades,
Tantas armadilhas


Vozes
Ouvia vozes!
Coisas
E via coisas...


Juliano Moreira
Internação do módulo E

Viver é bom

Viver é bom


Somos crianças,
Viver é bom!
Queremos cantar...

Todos os seres tem o seu dom!
Para abrir os caminhos,
Cultivar...

O ar que a gente respira,
É também o laço,
Do giro que faz o mundo mudar!

O segredo da vida,
Pode ser só o passo,
Ainda não dado pra alegria chegar...

Somos adultos,
Viver é bom!
Devemos sonhar...

Vai, vai, vai...

Madrugada deserta

Em plena madrugada deserta
Foram simples movimentos esperançosos
Marcha cega de dois jovens sonhadores
Caçando inspiração

Passos inconsequentes
De quem quer mudar o mundo
Não há maior perigo
Que renunciar ao que pede a vida

Hoje é segunda feira
As pessoas estão escondidas em suas casas
No rio vermelho não há sangue, não há vida, não há nada!
Belo momento pra chegada triunfante
De um disco voador

Não há sinal de pessoas em lugar algum
Não há sinal... de carnaval
Não há sinal de amor em lugar algum
Não há sinal... de carnaval

Em prol da matilha

Tanto faz ser encontrado
Ninguém deve ser julgado
O mundo pode ser mudado
Será?

A paz que a música inspira
Enquanto o mundo te respira
Além de qualquer razão
Virá?

Única arma que desarma
Onde tudo é relativo
E não há tempo perdido
Amar?

As cores do céu

As cores do céu


As cores do céu são portas que se abrem na janela
Pras emoções perdidas em fragmentos de medos bobos
Que habitam nossos peitos de um jeito impreciso

De repente um pássaro voa distante
Nada disso importa
Nossa liberdade é a calçada

Uma mão estendida
Pra quem tenha amor pra oferecer
Onde estará nossa criança
Que sonhamos voltar a ser?

Acho que é só

Eu sou essa coisa caminhando de camisa rosa quadriculada,
Voltando pra casa em plena madrugada de segunda feira,
Procurando por pessoas escondidas.

Deixo versos de amor pras almas errantes,
Pros segredos que me foram negados,
E pra cada lembrança que detesto.

Aceno pra quem dormia e estranha a minha solidão,
Os meus passos tão perdidos quanto alegres,
Lamentando não haver ninguém mais comemorando a existência.

Acho que é só...

Olha o céu

Olha o céu


Não deixe que a sua frustração
Acerte algum irmão
Toque algum coração

Mesmo que esteja cansado de lutar
Permita que outro alguém possa acreditar
Que o mundo um dia
Vai mudar

Olha o céu!
Depois da chuva surgem novas cores
A dor traz consigo outros amores
Motivos pra sonhar

Quando carregada de solidão for a fotografia
Procure ser pra si uma boa companhia
Deixe o seu coração cantar

Sexo da madrugada

Criam o aqui e agora
Existe algo lá fora.
Há algo além do pensamento?
Eis que surge, urge, ou simplesmente percebe-se o tormento -
Alguns chamam de falta, outros de frustração, os poetas de incompletude.


Como lidar com essa ruptura?
Homens da ciência sugerem:
Aceitar a tragédia da existência e assim ampliar as possibilidades.

A religião te impõe desde a ejaculação do seu pai aceitar o Deus deles,
sob a pena de arder em chamas se acaso você encontrar-se com uma luz diferente.
Existem também as bruxas, os magos, os xamãs...

Certamente algum deles vai te servir.
Você pode tentar também o amor!
A respiração, a meditação, a espiritualidade, a vaidade...

O que não será possível, enquanto for bicho gente, será esquecer-se de Deus.
Pode negá-lo, repudiá-lo, proclamá-lo, mas não poderá esquecê-lo. Seja ele quem for, seja ele o que for.

E talvez um dia perceba que pode ser mais fácil esquecer-se.
Quem sabe então, depois de tantas tentativas frustradas,
Se dê conta que o que sempre procurou...

Era aquilo que calava na procura.

Quero trair a mim mesmo!
Recordar instantes que ainda não vivi. Lamber as feridas doces,
deixar-me levar pela loucura absurda de qualquer precipício...

Entregue a qualquer vício vagabundo,
ejacular o tédio de um mundo virtual
onde as pessoas depositam no facebook sórdidos desejos secretos.

Transbordando as pessoas do esconderijo de uma janela, para a calada da noite.
E gozando poesia, no sexo da madrugada.

sábado, 11 de maio de 2013

Espaços irreais

Realidade da vida
Real idade do tempo
Espaços irreais

Dão vida...
Ao tempo.

Quem dirá?

Viscerais anseios que a chuva traz
Pra quem se perdeu buscando por paz
Passeiam na lembrança pingos de dor
Brindam os rastros, sonhos de amor

Deus do céu e da terra também
Ventos dos mares levam aos lares o bem
Será que existe algum sentido na batalha
Se toda guerra começa com perdedores

Quem dirá?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Luz escura

Luz escura


Luz escura, vem devagarzinho!
Vai, segue o teu caminho...
Tentando entender, todas essas coisas.

Pulsa o sangue, firma a dúvida, desmuda o tempo,
Sangra o riso, celebra a tristeza, desdenha a disciplina,
Convida a abelha rainha a provar o mel mais vagabundo...

A fúria racional ressuscita outra vez. Eles querem vingança.
Alguém se desespera, só queria primavera, mas nasceu no meio da batalha.
Vejo horror nos olhos do irmão.
E por isso hoje canto, sem paixão.

O papel em branco

O papel em branco observava atentamente aquele homem tolo.
Com seus erros repetidos, seus surtos repentinos, sua fuga rotineira.
Tão praxe quanto o vazio que sentia o homem,
Eram os convites da própria dor a comportamentos autodestrutivos,
Egoísmos afirmativos, paralisias e sonos incessantes.


O papel em branco observava atentamente aquele homem tolo.
Que seguia enquadrando-se nas exigências sociais.
Consigo mesmo travava batalha todo santo dia,
Para atender ao que a família esperava dele, ao que a namorada esperava dele,
Ao que a própria razão esperava dele...
E ao próprio ser ignorava.


O papel em branco observava atentamente aquele homem tolo.
Era o único capaz de lhe encher de vida...