quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Olhar pra si

Que tal olhar pra si?
Pode ser um bom começo.
Reclamar te fez merecer?
O que você plantou pra colher?

Não se trata de uma briga desigual
Entre grande e pequeno, forte ou fraco,
Amado ou desalmado, natural e artificial,
Tá além de qualquer interesse...
Esqueceu o bem e o mal.

É só um passo.
Pequenas tarefas, pequenos gestos,
Reconhecer os erros, pedir perdão.
A mudança não é um impacto social
Grandes explosões, Oscar no cinema, revolução

O mundo melhora com um bom dia,
Com uma saudação ao sol.
A espinha ereta,
A alma quieta,

Uma voz que cala,
A navalha que cura,
A fruta que opina,
Outro exemplo que surge,
A firmeza que urge...

A vertigem que calma
Visceral que silêncio,
Gratidão que senti
Sutileza que vi
Não vendo.

Enfim aprendendo...

Elo sincero

Elo sincero


Por um momento
Quero sentir que o mesmo tanto que eu preciso fazer poesia
Alguém também precisa dela

A comunhão é a firmeza de um encontro
Selado por amor e lealdade
No lugar do elo sincero

Que saudade da minha paixão!
Envio um bom dia pros seus sonhos
Nossos sonhos

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O caminho da luz e da verdade

Hino canalizado através da integração com meu eu superior;
- Ofertado com profundo amor a meus pais, Carlos Martins de Azevedo e Maria do Carmo Pascoli, também a Eduardo Valverde e Tainã Miranda, meus irmãos na terra, que são também Duda e Tatuapã, meus irmãos no Astral, a toda irmandade do Brilho das Águas, que me despertaram para este caminho e a iluminação de todos os seres:

O caminho da luz e da verdade

Lá, láiá, Lá, láiá, Lá
Lá, láiá, Lá, láiá, Lá
Por favor, por favor, por favor
Por favor, por favor, por favor

Para nossa vida, o caminho da verdade
Para nossa vida, o caminho da verdade
Hoje sei, hoje sei, é a única e verdadeira liberdade
Hoje sei, hoje sei, é a única e verdadeira liberdade

Tudo que existe é Deus
Deus está em tudo que há
Mora Deus no coração de quem acredita
No viver que Deus nos dá

Peço a meu Pai
Peço a Deus em concentração
Para ter amor e alegria
Dentro do meu coração

Peço a minha Mãe
Peço a sempre Virgem Maria
Para ter firmeza e humildade
Dentro da soberania

Paz, amor, alegria
Amizade, respeito e lealdade
Para seguir neste caminho
Da luz e da verdade

Louvores a vida


Imagens, palavras e pessoas...
Informações demais,
Egos demais.
A ansiedade da descoberta,
A falta de paciência que te distrai.
Tal qual sina, a grandeza que te fascina,
Não passa de ilusão, que inopera a sua oficina -
De sonhos, de arte, de vida.


Sabedoria do meu pai me deixou alerta
Cantou meu velho:
“Louvores a vida! Morte, morte ao que nos mata!”
...
A angústia de não poder comunicar
O impossível
A alegria imensurável de saber
O invisível
A loucura de viver o que não faz
Nenhum sentido


Ciganos, enganos, divinos, profanos
Poesia, a morte, vivida, em instantes
Doce caminhar errante
De quem sonhou ser borboleta


Frustrado na universidade,
Após tentar compartilhar uma experiência com Ayahuasca.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Foice

Foice
Dedicada a Dimitri Marques:


Houve qualquer coisa antes da estupidez.
Quando não se sabe porquê,
A nudez balbucia o verso inverso
Da paixão na contramão
Da amizade que quando clara,
Atravessa o passado tal qual alvorada
E se faz perdão
A foice do silêncio
As pedras da palavra

O golpe repentino
Hoje soa desatino
De um ego de menino
Que foice
Foi-se
Sobressalto da amizade
Mesmo sem confiança
Te quero bem
Sem porquê

Um instante
Para que veja o seu erro
E atire as pedras que lhe sobram
Depois disso
Contos, gírias e fábulas.

A amizade, quem diria,
A melhor das fantasias.


Perdoando uma traição.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Me olhava o menino

Me olhava o menino


O menino me olhava...
Primeiro a cadência, a carência
A vontade de comer, de saber
Se haveria pão

Depois a alegria
Um aperto de mão
Quem diria! Gratidão

Por fim o adeus
Triste, genuíno
Eu olhava
Me olhava o menino

Em casa a mesa farta
Suco de maracujá, salada
Água boricada e algodão

Viver em vão.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lucidez e contradição

Amor sem perdão
Vitória sem solidão
Paixão sem tesão
ou não
ou não

Não espere lucidez
Sem contradição

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sonho exagerado

Sonho exagerado


Um sonho exagerado é tudo que posso oferecer
Não espero nada em troca, mas conto as horas pra te ver
Como uma mãe espera um filho
A primavera espera as flores
E a rosa o beija flor
Essencial como um bom dia
Como foi seu dia?
Um novo amor

Se o seu jeito é diferente eu posso entender
O que você não diz eu finjo não saber
Na verdade, doa o quanto doer
Se o fim é o precipício
Brega desde o início
Ensaio só pra te dizer

Que todos os dias te espero em todo lugar
Fito na chuva o estio
Tal qual vira lata descuidado, vadio
Pra quem sabe você me amar

Na nave que desistiu de me abduzir
Raul Seixas me dava razão
Pra traduzir a palavra “nada”
É preciso entregar o coração

E quando os olhos nus
Difícil mesmo é saber
Onde começo eu
E termina você

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Barbárie

Barbárie


Direita ou esquerda, a merda tá feita!
Estamos caminhando pra barbárie,
E não é só em Salvador
Em qualquer lugar do mundo
A beleza do absurdo
Cada qual colhendo o que plantou

Gosto amargo tem o dever cumprido
Na colheita de outro quintal qualquer
Já que no próprio pomar
Si mesmo é diferente
Dentro da gente! Dentro da gente!
Bem e mal fazem amor

O devir nômade que nos faz estrangeiros iminentes
Desconhecidos do mover da terra no encontro da saudade
De um caminhar
Que só quer ser livre

O lamento por quem não sofreu por amor
A utopia importante
Filosofia de instantes
Onde se sabe
Tudo passa
O prenúncio da desgraça
Que se eternizou

Supremacia dos olhos

Supremacia dos olhos


Vejo a violenta supremacia dos olhos ditar verdades. Que vejo?
Cores, formas, matizes, contrastes... O crivo último das decisões: o visto – as ciências e a reprodução dos saberes.
Quem dera suplantar a imagem, para abranger conteúdos que nela não vejo, transfigurar a superficialidade: Calores, sabores, cheiros, emoções e relações que se fundam e naufragam pela tempestuosa ruptura com o olhar.
Será o amor mesmo cego?
Ou apenas mais uma verdade ditada por quem vive a cegueira?
A ciência subversiva amplia seus domínios pelo desequilíbrio com a ditadura dos olhos, instituindo passos de malabaristas na corda bamba das vaidades.
A contramão que o olhar não alcança, retrocede a disposição estéril da linguagem desvelada de sentidos.
Os toques, as idiossincrasias e a poesia o sabem. Fluxo que se complementa na perda de sentido.
O cheiro que atravessa a alma dita à tara que nos pulsa onde o ego não cursa e os olhos não veem. Eis o horizonte, que arremessa perdidamente as sutilezas das esquinas, corredores e lembranças, o entrelaço entre o remoto e o desejo, o precipício e a saúde.
Na busca da completude...

Pietro Pascoli e Gabriel Dantas

Ninho de paz

Ninho de paz


Banho de mar
Banho de vida
Mar adentro
Das feridas

Deixei na saudade
A ilusão de outrora
Como quem joga fora
O fardo do próprio breu
Algodão doce que viveu

Quando menino se entregou
E de si se libertou
Ao escolher o ninho de paz
Do sorriso dela

domingo, 11 de novembro de 2012

Calçadas do desejo

Calçadas do desejo


Há quem não saiba andar sozinho
Pelas ruas da cidade
Passo a passo
Passo a pássaro
Buscando identidade

Vejo então
A criação
São crianças brincando
Correndo por aí
Sorte é quando qualquer coisa
É motivo pra sorrir

Procurando por motivo impreciso
Pra perder o juízo
E não faltar amor
Nas calçadas que ardem de desejo
Toda vez que te vejo
Toda vez que te vejo

Essa vontade louca de beijar sua boca
De tirar sua roupa
Te entregar
Revelar

Esse querer infinito
Que trago escondido
Vagando ao luar
Silêncio que grito e que sinto
Protegendo o amor
Que me sobra pra dar
Temendo a força do tempo
Que me falta
Pra durar

Incerto

Incerto


A dor
Não tem mistério
Culpa
Não leve a sério
Amor
Próprio, por favor
Desculpa
Só quando errou

Vinte minutos pra chegar ao incerto
Procurando portas pra felicidade por perto
Me vi suspeito
Por tantos feitos
Que queria
Não querer

Estranho no ninho

Há dias em que o bom dia chega de uma forma morna,
a velha e contaminada forma de achar saber o que nunca soube,
cultivando a mentira que lhe foi entregue antes de nascer.

Alguns querem o conforto da religião.
Outros, o estúpido poder de ignorar Deus achando que é libertação.
São tantos olhares, de tantos lugares, que quando enxergo,
temo pela minha própria cegueira.

E assim eu decidi desver o mundo, abandonar o passado.
Deixar no caminho, como quem deixa pegadas...

Quem seguir esses passos, só poderá chegar onde outro alguém já esteve.
Desdenho o refrão de quem desacredita a liberdade,
agradeço por ser estranho no ninho.
Deixo corpo e alma nus,
Me visto de grão e vou sozinho.

E você?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Buscando paz

Seria mais fácil encontrar a paz
Sem ter ouvido os tambores de guerra
Usufruir da palavra e da liberdade de Gandhi
Não fosse a inveja do lado e as ilusões de grandeza
O berço de ouro que cega, distancia da missão
Nessas horas a loucura é a única saída
E o risco de encarar a verdade pode ser uma passagem só de ida
Sem perceber, viver a contradição sem deixar
De estender à mão e sorrir, pra quem tá louco pra te ver cair
Não sentir a carência que faz sucesso na televisão

Trepar, amar e orar com a própria solidão
O amor pelas coisas inúteis ensina
Um perdedor na estrada brilha mais que a rotina
Mando um salve pra cultura de favela
Pro Fabão, pro Amendoim, pro Avon e pro Mazela
Me acordaram do fardo que era fácil e me ensinaram a diferença
Que o Emicida canta cheio de razão
E salvaram minha vida na quebrada
Tá vivo é uma coisa
Se sentir vivo é outra parada

Indagação íntima

Dedicada a Rainer Maria Rilke:



Indagou ao mais profundo íntimo
Lá onde primeira e terceira pessoa não fazem diferença
Se morreria se impedido de escrever
A resposta honesta e imprecisa revelava
A ausência de um poeta e um monte de clichê

Por que então essa dor inquietante?
Amor por precipícios e por coisas desimportantes?
A perda de sono voltada em demasia pra fora
Ardendo dentro

Amigo dos caminhos da morte
Sensível demais as margens violentas
A natureza introspectiva criou uma enorme distância
Entre ele e si.

Ele que olha pra fora e o indizível ignora
Fugindo do embate com as próprias questões
Pelo doce castigo de cuidar das estrelas

Si que mergulha adentro com ardor
Namora a dor pra morrer de amor
Brinca de inventar clichê

Por que o Poeta
Lhe foge ao ser

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Sorte é morrer também

Sorte é morrer também


Sorte é morrer também
A velha desconhecida nos revela quem é quem
Amizade verdadeira
Que a vida enfeite
Arte pra valer o luto quando o corpo se deite

Estar vivo antecede qualquer sentença
A gente se faz fazendo
Depois a gente pensa
O que te conduz?

A órbita como destino
Amar o desatino
Chorar também é luz

Antropologia, Orgia , Magia
De quem vive na Bahia
Onde o louco descansa
Quando a dor se faz dança

Pro poeta cantar

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Onda que bate

A cegueira usa o ego pra poder enxergar.

Decifra-me
ou
Viverei tentando

Não fazê-lo.

A inocência da onda que bate incendeia e apura a sede do beijo que revela a loucura...

Dispenso a redenção

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Registro do lado de fora do hospício

Registro do lado de fora do hospício
Capítulo I

Não há decretos.
Abertos os espaços,
Para todos os sons...
O mensageiro da floresta se chama Guriatã.

Tentei chorar e não consegui
Fiquei doente.
...
Em algum lugar alguém era feliz

Construí um planeta de palavras!
O nome dele é Plâncton
Já havia morado nele o Jorge e o seu Bem.
Em Plâncton, plantas, animais e até o bicho gente...
Brilham quando fazem amor.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pé de manga

Pé de manga


Avistou um pé de manga da varanda do telhado.
Só ele e os seus demônios outra vez...
Troncos fortes, lindos frutos e a velha projeção,
Péssimo hábito de pela arte lamber a própria ferida:

Jogou fora o mapa do tesouro
Esqueceu o nome da avenida
Pra quem sabe um dia se encontrar...

É que o plim plim na conta não compra o seu sorriso,
Tanta coisa que é de graça lembra mais o paraíso.
Elogios no trabalho não cessam sua angústia, irmão!
Nenhum reconhecimento vale a cegueira da visão.

O mundo ainda chora e a gente se esconde nos próprios defeitos.
É tão fácil acomodar a vaidade, basta prometer prosperidade!
E há quem se contente em sonhar com propriedades...

De que vale essa estúpida ilusão de grandeza
E não saber pedir licença a natureza?
De que valem as raízes
Quando sobrenomes deixam cicatrizes
Pessoas infelizes
E Cash é sempre o dilema das nossas diretrizes?

Cruza um velho trauma...
Uma idéia se esboça da janela.
Ainda pega o buzu lotado,
Por medo ou opção?

Veja o lado bom da coisa,
Quando se apresenta a lição:
Na solidão do carro,
Não haveria aperto de mão.

Perda sagaz

Perda sagaz de identidade
por não render-se ao canto da sereia
Pra evitar dizer o importante falamos demais
- Dissimulando a culpa do voraz desejo errante

Quero mesmo é comer a vida,
Devorar os meus instantes!
E a quem possa parecer loucura,
o adoecimento é um processo de cura.

Agradeço o meu viver
E dispenso a redenção

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fechamentos

Fechamentos.
De caixas
Gavetas
Rituais
E seitas
E mentes
Em vão

Intento de prisão
Ao próprio coração

Vida pede

Enxerguei nos olhos ternos de quem sucumbiu à culpa
A vida aprisionada pulsando a tara de quem sonhou perder-se
É que às vezes pra falar com Deus é preciso escolher um caminho diferente
Como pra ser feliz é preciso deixar de lado a idéia confortável de quem se é
Pra ser caminho como a vida pede
E não importa a escolha que se faça
Nem quanto o desejo mede
A vida sempre pede
Vida pede

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Simples

Simples,

Como uma árvore, um fruto, um cais
Tudo aquilo que precisamos,
Pra poder viver em paz

Simples
Como o vento, um momento, o mar
E o tempo que nem existia,
Até alguém inventar

Simples
Sonhos
Raros


Cachoeira da Purificação,
Chapada Diamantina.

sábado, 13 de outubro de 2012

Estado de graça

Estado de graça


Concebido o estado de graça
As pessoas da praça
Se olham a sorrir

E aqui dentro hoje vivo o inverso
A tristeza que sinto
Já nem cabe num verso

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Coisas que stão

Coisas
que stão


Que são?
Conceitos, símbolos, signos, cheiros, ar!
É da ordem da criação desequilibrar.
Que é um poeta?
Um tonto que cala, vaga, pula, grita...

Ensurdece.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Amendoim

Essa é dedicada ao meu amigo amendoim
Passaram tantos anos e nunca te esqueci
Nem preciso dizer o quanto foi foda conhecer o inferno na terra
Quando vi seu sangue derramado na Princesa Isabel
Até então nunca tinha questionado a existência do céu

Lembro bem do brilho que você carregava nos olhos, amendoim
Humanidade como a sua já não vejo por aqui
Talvez um dia a molecada aprenda a dar valor
Pra quem liderava os irmãos da rua
E unia os que tinham casas sem esconder a verdade crua
Carrego comigo o que você me ensinou
Sobre vencer o próprio mal, sobre a importância de ser real
Quando olho no espelho e sinto que evolui,
Até enxergo um pouco de você em mim
Porra! Peço desculpas, demorei doze anos pra escrever
Ainda hoje me fode a sua perda

E o riso me acompanha toda vez que banco o Robin Wood
Roubei mercado e alimentei os nossos enquanto pude
Confesso que ainda não encontrei a minha luta
E às vezes ainda me vejo tal qual vira lata perdido
Mas sem alarde vou cumprindo a missão
Dando a mão quando tropeçam os que ficaram
Imitando você quando se faz necessário
Ainda guardo os garranchos das suas poesias
E prego as portas sempre abertas
Do jeito que você ensinou

Pra quem não sabe do que se trata não custa esclarecer
Essa é só mais uma história do melhor ser humano que já conheci
Poeta vagabundo se chamava amendoin
Salvou mais de cem moleques que moravam nas ruas
Ensinou bem mais que as escolas e abalou estruturas
Bem antes do D2 já bombardeava por todos os lados
Sua arte era pura, não estava à venda no mercado

Mas enquanto fazia as rimas pra salvar os seus esquecia
De cuidar da sua própria erva daninha
E comprovando a lição de que a terra não
É lugar para quem tem pureza no coração
As drogas levaram quase tudo
E a alma se foi quando já não restava o que vender
Porra irmão!
Mesmo assim senti saudade de você
E o amor de irmão segue vivo em mim
Finalmente aprendi o que você dizia sobre a libertação

É por isso que nos dias felizes já nem penso
“Fudeu, o amendoim não está.”
Vai com Deus meu mano
Não precisa voltar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Juízo de valor

Um eixo
Duas ou mais visões
A madrugada
Diferentes seres habitando os corações
Quanto aos desejos,
Confusas intenções
Colocaram à venda a branca de neve
Surgiram mais de cem anões

Depois perguntam de onde vem a marra
Pedem licença pra entrar sem respeitar as amarras
Querer e não conseguir chorar
Escutar o evangelho e nas palavras nunca se encontrar
Real mesmo é levar a fantasia a sério
Revelações que trazem a simplicidade
Como único mistério

Tenho pensado muito
Nos malabarismos que fazemos no dia a dia
Pra negar nosso próprio juízo de valor
Imersos em tanta hipocrisia
O conflito entre o espírito livre
E as convenções que já estão instaladas na mente, que mente

Juízos de fatos hoje são contestáveis
A visão de mundo foi imposta e ninguém criticou
O tempero que nos torna diferentes fez como o tempo
A brisa do momento e... Já passou!

Vôos turbulentos
Metrô até nos becos
E a malandragem deixou de ser instrumento pra compor
Agora é bolsa família
Minha casa sua vida
Vote em mim
Que eu te dou

E eu só tinha vislumbrado a onda inocente, saca?
Como um de nós sentado numa mesa de bar
Escutando pessoas estranhas
São apenas pessoas
Idéias, histórias
Vivências, memórias

Alguma coisa incomoda. Só a mim?
Você mesmo, que leu até aqui, aflito
Sou eu, você, o mundo?
Quando descobrir, lembra de sorrir!
É aí que mora o conflito
Querer combater é o aviso da sua mente
Ao negar o próprio juízo de valor

Fudeu! Te dominou.

domingo, 30 de setembro de 2012

Que lhe seja leve a sua paz!

Que lhe seja leve a sua paz!


Como se fosse fácil sorrir,
Dizer o que sente não é sentir!
A mente mente a sensação
Sonho ou tentação,
Boa intenção ou ilusão?

Vai!
Delira, busca, se vira na pista, avante!
Pra baixo só tem o chão e você é gigante
Pra cima o universo e você é só um grão
Se tiver a fim acredita, se entrega, escorrega
Mergulha!
Profundo ou pro fundo
Imperador, vagabundo
Amor de frente ou as costas pro mundo?

Bem perto do ouvido resmunga liberdade
Ou grita bem alto a ditadura
Foda-se! Desafia as escrituras
Abala as estruturas
Caiu? Então?
Qual o motivo de se estar no chão?

Sabedoria é espírito livre
Pra desacreditar de tudo, até de quem se é
Quando necessário se faz

Que lhe seja leve a sua paz!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Gratidão em chamas

Gratidão em chamas


Um novo amor, nem começou.
Tudo que é sólido desmancha no ar.
Amor é aquilo que renasce. Sem nunca ter morrido.
Quem olha pra baixo? Gigante.
Quem olha pra cima. O que será?
Confiança no universo é preciso.
Quando vários olhares brotam de um só. Nó.

Que nada seja
Pra que sempre esteja
O que gosta de esperar...

Errático, errantes, pensantes
Quando me falaram que real não seria
Eu disse preferir a fantasia!
E a mente confusa que lançou brado na noite
Amanheceu silêncio procurando resposta.

Idéias de uma mente que trabalha. Nunca descansa...

Enquanto isso, sorri meu coração.
Ah, meu pequenino coração...
Agradece!
Em chamas.

O que une

O que une


Como querer ganhar na mega sena sem comprar o bilhete
É sem amor achar que pode entender um coração
Em chamas, dramas, a velha procura...
O amanhã, onde será que está?
Respirar deveria bastar

Na contramão dos moinhos
Laços invisíveis no abraço da gente
E a liberdade que hoje pune
Tudo que nos une

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Doce mistério

Doce mistério


Olhos que brilham,
Contemplam a beleza misteriosa da lua.
Imaginam a ciranda:
Companhia, amigos, copo e coração nas mãos

E ela enxerga distante...
Pessoas buscando no seu mistério
Qualquer inspiração pra amar.
Parece contente,
Ainda que lhe pareça injusta a razão
Pra ser sozinha no céu.

E quanto observa os homens fazendo amor...
Boba, sorri pra própria imaginação
Descendo do céu
Rolando ao chão.


Um dia de lua cheia,
Itacaré/BA

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dar valor

Dar valor
Ofertada a Gabriel Armero


Sou no mundo,
Caminhante das ruas
Observo os segundos
Minha alma flutua

Vagabundo!
Difuso do tempo
Solitário,
Só mais um
Tenho bons amigos
Não me entende nenhum

Aperto o passo
Procuro um bom motivo pra sorrir
E as histórias,
Sempre as mesmas por aqui
A miséria ao meu lado
Lembra minha sorte
Preciso fazer alguma coisa por eles
Antes que me chegue à morte

Ser mais humano
Olhar, ver, parar pra falar
Se preciso cair
Pra poder levantar
Mando um salve pro meu amigo Gabriel Cardoso Santos
Tamo junto irmão, você me ensinou
Que só existe arte
Se alguém der valor

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Saboreando o pensamento matinal...

Saboreando o pensamento matinal...


São várias as formas de se viver a rua
Mundos e sonhos, gritos surdos, entrega, esperança
Insegurança segura, segurança insegurança
Como se fortalecer com os seus ou nas grades do condomínio
Lados de moedas que enxergam a mesma fechadura

Tanto faz se você vem do berço, da periferia ou da internação
O que muda mesmo a parada é o brilho que você carrega no olho
A sua verdadeira intenção, o jeito que aperta outra mão, que abraça seu irmão
O que é importante pra você? O que você busca pra viver?

Cansado também dessa história alienada de cor
Brancos e negros revivendo um passado de dor
Culpando o semelhante pelo que cadáveres causaram, na moral
Vive a vida e descobre o quanto do que te contaram é real

Porra! Alma não tem cor e o apocalipse é pra todos, né não?
Chega de falar nas diferenças!
Raça, classe, religião, nosso sangue ainda é derramado em vão

Tá na hora de mudar!
Amor, respeito, aceitação.
E você que cante o seu próprio refrão

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Pra se achar

Pra se achar
Se olhar e coligar com os seus
Pra amar
Estar
Se entregar aos teus
Pra se libertar
Se abandonar e ir...
Grato pelas dores que aqui deixar.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Passeio na floresta

Enquanto seu lobo não vem
O que faz você do seu tempo, irmão?
Preconceitos são disparos que atingem multidões
Cegos são os julgamentos e várias as formas de prostituições
A pergunta que inabalável fica, mesmo quando entorpece a visão:
Qual o preço dos seus sonhos?

E alguém tenta me convencer, sorridente, mente!
Que o trabalho dignifica o homem, por que, então?
Todos os olhos clamam silenciosamente por uma chance
De se ver acima da meta, mandar o chefe a merda, dois pontos da mesma reta:
Ter ou ser, querer, poder, nascer, pra quê? Eis o X da questão!

Na real não tem a mínima diferença, pensa!
Entre o doutor do escritório e a tiazinha que bate o ponto na orla de Salvador.
Há não ser pelo sorriso que a tia carrega no rosto, sem ofensa,
São seres humanos ao seu próprio tempo, estipulando valor.

E eu fui passear na floresta...
Olha lá o desorientado! O caminho sempre erra.
Quem souber como voltar, não me conte, por favor!

“Qualquer coisa é melhor do que a guerra.”
Foi o segredo escrito em um guardanapo,
Dentro da cesta que a poesia encontrou.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A estrada

É difícil pensar, mas foda mesmo é fazer
Creditar à estrada a esperança, com a mochila vazia
Já que são os passos e não o caminho, porra, melhor sair correndo
Quem tentar impedir um casamento em Salvador vai se fuder, vai vendo
Tô aqui imaginando um filme bem clichê, engarrafando os pensamentos
É como querer ganhar na loteria sem comprar o bilhete, duvidar da missão
Falta do que escrever é foda, né não?!
Sempre tem alguém pra reclamar que a vida é o mesmo refrão
Eu vou aprendendo com o Sabotagem, tentando me desconectar
Se eu for falar de sofrimento novamente vou acabar amargando
Aí alguém comenta as mágicas da vida, fortalece, põe valor
Nos versos de um vagabundo que jamais quis ser doutor
Pra terminar vou falar que não são só palavras que você pode encontrar por aqui
Sentimentos verdadeiros de quem só precisa de amor e amizade pra voltar a sorrir

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O que vejo?

Vestígios bárbaros de um tribunal antigo,
Composto pelo mofo de conquistadores velhos.
Homens sem nenhum escrúpulo,
Assassinando com a armadura da indiferença
O brilho nos olhos de jovens sonhadores.


Mas ainda que sob a hegemonia dos dogmáticos
As batalhas mais difíceis são mesmo as internas!
Para cultivar o sentido na felicidade e não na glória
E tornar real o teatro da vida


Mesmo que a tarefa esteja sempre inacabada
E as questões nunca se esgotem,
Ainda que o tirano interior se queixe da própria superficialidade
E que os desenganos apontem as contradições do idealista,
Prometo manter vivo o sonho!


Não se pode desistir de si mesmo
Não se pode desistir da vida

A menina poesia

A menina poesia


Eu só quero fazer dessa história
Uma suave canção
Pode ser bem simples
Nem precisa ser pra sempre

Se o dia começou ao meio dia
E tudo soou tão óbvio, não faz mal
Não precisa haver nada de místico
Divino ou sobrenatural

Que esse sentimento
Dure só um doce dia
Como a eternidade de uma borboleta
A franqueza de uma confissão

O suficiente pra que ao apagar a luz
Uma pergunta fique clara no escuro
O que será do amanhã?
Mal começamos e já estamos no futuro

A embriaguez quer saber
Qual será o sentido da vida, afinal?
Se pra viver o bem
É preciso confrontar o próprio mal

Hoje tanto faz.
Que as bruxas não flutuem
Se percam em qualquer requinte
Não me convidem pra nenhuma orgia
Mesmo que tenha sabor de vertigem
Aroma de insensatez

Hoje não.
Hoje pouco importa!
Desacredito até da loucura
Dispenso fogo, caldeirão e luz
Desafio qualquer magia

Vai brilhar no fim da história
A menina poesia

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sorte

Sorte


Talvez eu tenha muita sorte,
Às vezes engana a visão.
A procura da própria luta,
O medo até soa concentração.
Tranquilidade nas palavras
Só pra manter viva a experiência,
A mesma armadura que protege
Pesa a busca do sonhador.
Tantos labirintos na solidão da madrugada
E a rima foi o único analgésico que restou pra entender a parada.
Não posso reclamar!
Bons amigos trouxeram a poesia que faltava,
E fez sentido a fotografia!
Enquanto temia,
Um novo homem nascia.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Cegueira de fora

Cegueira de fora


É que a pretensão de quem enxerga, de fora, acessa as convenções, mas não a verdade. Do lado de dentro, tem poesia em cada encontro, em cada desespero de cada descarga. Tem também o entendimento do medo, de si mesmo, do não lugar e da perda da razão. E quando a arte não significa, o que só o mundo de dentro compreende, ainda tem o menino que procura. Que aprende! Em cada sorriso, queda ou desencontro. É então que a gente se descobre amando as próprias queixas, e tudo aquilo que nem sempre faz bem. É tão fácil amar, quando cabe na nossa gaveta...

sábado, 7 de julho de 2012

Você tem medo do quê?

Você tem medo do quê?

"O que te derruba é você mesmo!"
Dessa vez branquinha, vou te dar a razão
Cada tropeço esquecido é um abraço na dúvida,
Distanciamento da missão.
Fazer o que, se não aceito a mentira da tolerância,
Chamado de moleque rebelde pela escolha de ser criança.
Infância? É saber o tempo ignorar, dar as costas pro mundo!
Azar do imperador não ter nascido vagabundo.
E se algum dos meus pirar, aos pais o que dizer?
Pode ter sido uma escolha bem melhor do que crescer.
A saber, só assusta no outro o que te desorienta,
O caminho da verdade, seja ela qual for, é quente!
E todo mundo conhece, é o dever que a consciência impõe
Então diz pra mim, você tem medo do quê?

Só é livre na prisão quem já tá pronto pra morrer.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Sentir-se vivo

Quero falar,
Dessa coisa louca que às vezes ocupa
O mesmo espaço que a sala vazia,
Que a vida vazia...


No sofá, o café com leite que já foi bebido
E o tempo perdido em vão, na televisão.
Pensamentos insistentes e sinceros a pulsar,
Quase uma febre que não para de gritar, pouco importa o lugar
Quando o coração vagabundo bate mais forte por si mesmo
Não se entrega ao que convém,
Abandona a poesia e não fica aquém
De todo jogo sujo que não quer te ver se levantar!


O mundo julga mais bonito quem segue algum padrão
Mas o seu juízo de valor,
Só me torna mais sagaz
A previsão do acidente a gente faz
Quando constrói um novo mundo,
Ejaculando o tédio em algum vício vagabundo!


Vida correndo nas veias é o que chamo de nobreza, parceiro
Sempre é tempo de voltar,
A sentir-se vivo.

domingo, 17 de junho de 2012

O mundo lá fora

Há quem entenda por visceral a insanidade.
O silêncio ensurdecedor da noite, as lágrimas de luz, o suicídio do amor.
Pode também ser o diálogo entre um mendigo e um burguês esteticista
Quando cada qual pra compreender o outro, esquece a própria dor.
Não é importante que acreditemos nas mesmas coisas,
Nem que faça sentido à direção.
Se o gole de vaidade for menor que a embriaguez do respeito,
Começamos bem.

Presente não é aquela coisa cara que você recebe no natal,
O cumprimento de alguma estúpida convenção.
Presente é encontrar pessoas que te convencem que vale á pena escutá-las.
Resolvi escutar o que cantava um cumpa e me ocorreu enfrentar o papel em branco.
O que está por vir? E se nada vier?
A possibilidade de que não chegue nada parece suficiente para reconhecer o medo.

Última dose, tô de saída.
Outro mundo me espera lá fora.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Notícias do lado de cá

Um imenso sem vontade pra sair da cama...
Chove aqui dentro e um pouco menos lá fora.
Três reais na carteira, nenhuma aptidão pra fama.
Greves diversas há quem ache bom,
Esconder-se em mentiras sem sair do tom.


Tentando domar meu desespero,
Surge minha melhor amiga e um convite pra um projeto de leituras -
Nelson Rodrigues, que conveniente! Ilustre figura.
Muito obrigado, mas hoje eu quero mesmo é cuspir na estrutura!
De que vale a ilusão da cultura aos olhos da desarmonia?
Talvez seja uma alma torta preço até baixo pra quem escolheu pensar,
E intensidade seduzir com luz a escuridão...


O espírito livre clamando por vinho e confissão em uma calçada do interior.
Perder-se na cidade, escutar o gari confabular contra a sociedade, por favor!
A pupila descoberta e dilatada recebe de braços abertos a chuva...
Soa bem a cena: um brinde ao findar do homem em um copo de cachaça.
Longe de qualquer fumaça, o som de um desafinado violão.


Cantar os abismos dos poetas
O ridículo dos palhaços
O cio que mais uma vez vem vencer o cansaço
Ou ejacular o tédio em algum vício vagabundo


É, parceiro.
Tal qual vira lata.
Mas não perco a poesia.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O silêncio onde nasce a canção

O silêncio onde nasce a canção


Um novo dia, alguém procurando luz
Qualquer brilho ou estio hediondo
Um estrondo. São relâmpagos!
Não sabemos nada.

O que vislumbramos?
Erguer-se, direção.
Uma casinha sem paredes,
Beijar deitada a rede
A velha amiga solidão.

A mente,
Mente.

Desnudo.
Inundação!

Uma experiência mística.
O sabor de café com leite e pão.
A vontade de chorar.
Saber amar,
A grandeza de um grão.

Varrer recordações.
Ser sempre inteiro.
Outra metade,
Acostumar-se a esperar.
Respirar deveria bastar.

Tudo pro alto!
O vazio que faz falta ao coração.
A estrada bloqueava a passagem.
Saber a hora. Ainda não.

O silêncio onde nasce a canção.

sábado, 19 de maio de 2012

O inocente em fuga

Autor: Pietro Pascoli

Um inocente em fuga
Perdido na cidade
Não mais importante
Que qualquer outra pessoa
Seu olhar denunciava
Uma escolha diferente
Aos caminhos estranhos
Formigueiros de gente

Janela sempre aberta
Pra receber a sorte
Pupila descoberta
E a vontade de saber

Pra onde foi o seu controle da vida
Na linha tênue entre a loucura do mundo
E o outro mundo que dentro do peito
Transbordava de inquietações e desejos!

Você olha para mim
Quer saber!
O que espero dessa vida insana?
Fica olhando para mim
Quer saber!
Pouco importa o que se perde ou ganha

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Devaneio estranho

Devaneio estranho


Começou mais um dia,
O que chamam realidade.
A versão da história que convém
Há quem?

Já me disseram:
Deixe de sonhar
É hora de acordar,
Ponha os pés no chão!

Uma viagem sem rumo a nenhum lugar,
Que escutei com atenção.
Mas os rios mudam o curso
Sem perder a direção

Pra viver em sociedade
É preciso se adaptar!
O suor de cada dia
A ilusão de um diploma,
Status de vaidade
Ser notícia da semana.
Grana! Grana!

As convenções...
Não me convencem!
Só pra contrariar, ofereço:
Passos de equilibrista
Meu imenso sem vontade

Lembra meu amigo,
Como se fosse amanhã:
Newton debaixo da árvore
O baixinho Romário sempre perto do gol
Lispector e seus abismos, suas dores.
Frida Kahlo, seus temores, suas cores!

Devaneio estranho
Um futuro que já deixa saudades
Pela corda bamba de estrelas
E vaidades

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Querer infinito

Esse querer infinito
Que trago escondido
Vagando ao luar
É silêncio que grito e que sinto
Protegendo o amor
Que me sobra pra dar
Temendo a força do tempo
Que me falta
Pra durar

sábado, 5 de maio de 2012

Plebeus são reis!

Plebeus são reis!


Eis que surge um novo dia
Da mais franca rebeldia
Em que plebeus são reis
Plebeus são reis!

E não há fotografia
Ou registro quem diria
Da bravura de vocês

Gente baiana, trabalhadora!
Faz da preguiça lavoura
Da arte discaração
Colé mermão!

E se dá por satisfeita
De amar sua colheita
E viver sem um tostão

Eis que surge um novo dia
Da mais franca rebeldia
Em que plebeus são reis
Plebeus são reis!

E na televisão canta feliz
Um mendigo sem nenhum vintém
Que a majestade é um tormento
E rico é o cara
Que com pouco vive bem

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O suicida!

A vontade voraz de morrer por um dia
Devorar os pedaços e cuspir, cuspir na fotografia
Pode parecer sombrio ou ser apenas um passo
Pra si mesmo,
Por si mesmo.


Veja, quanta mentira pra acreditar!
Sinta! Sinta quanta coisa tem no ar...
21 de dezembro
A população crescendo
A comida por acabar!


Menino! Você pensa! Deve tá doidão.
E os vícios de pensamentos?
A dominação da palavra
As grades de uma procissão...
Correntes imorais, da moral


Enquanto isso, no paraíso da fantasia
Alguém aposta a própria vida,
A beira de um precipício...
Acreditando que a realidade pode melhorar


O maior dos otimistas:
O suicida

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Janela aberta

Janela aberta


Das coisas que sei,
Não sinto!
A calma leve do vento
Sereno doce de quem
O tempo esqueceu...

De tudo que não sei,
Pressinto!
O brincar faceiro das ondas
A rigidez flexível do mar

Dela me despedi cantando...
Por que se preocupar?
Janela d´alma aberta
Feito ninho de passarinho
Que o amor bem de mansinho

Um dia há de chegar.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Presunção

Diretamente do fundo do túnel do tempo,
Uma linha da vida.
Análise refém de dois pontos,
Que limitam uma reta.

Ética e consentimento,
Pra atender ao capitalismo.
Recolhimento dos seus dados,
PMK desfavorável,
Orientação profissional,
Te parece normal?

Olhos que te olham
Pensam que sabem o que passa em si
Olhos te olham
Pensam que sabem o melhor pra ti
Presunção!
Presunção!

Certezas são incertas,
Cegam o enxergar!
Por que a vaidade é estúpida,
Muda a lacuna de lugar.

Siga o Deus que tu quiseres,
Quando a sede transbordar o copo das inquietações.
E quando o silêncio enfrenta o bicho dentro da gente,
A liberdade pode estar dentro da caverna.

As pessoas surtam todos os dias!
Mas a moda agora é falar de vocação...
Testes psicológicos pra descobrir uma forma,
De viver sem nenhuma razão.

Tabelas, escalas, aplique!
Testes, Inepe, perversão.
E professores ensinam os caminhos,
Que contribuem pra nossa prisão.

Durante uma aula de Psicologia inescrupulosa...

Abandono

Abandono

Que saudade de falar de amor,
Também do silêncio da sala vazia.
A velha amiga solidão,
Beijando o que a dor escondia.

Hoje não tem calmaria
Nem chuva, alvoroço ou compromisso
A estrada não me convidou
Disse não ter nada com isso!
Tentei trocar idéia com a sorte
É foda pra quem nela nunca acreditou
Procurei a menina rotina
Logo ela que nunca me amou

Sobraram os livros
E uma vertigem de coisa qualquer
Outra vez a infância
Peter Pan pegando no meu pé!
O sabor da fantasia,
O respeito pelos desejos como solução
Mostro o mesmo sorriso
Me perco na multidão

Estou convencido, não vou negar
Vida inteligente em algum lugar deve haver
Não quiseram contato com a nossa gente
Pois é!
É assim que escreve, é assim que é!
Verdade absoluta todo mundo quer
A cegueira que semeia o mal estar
Acreditar sempre foi mais fácil que pensar

Alguma coisa está errada
O mundo vai acabar? Vamos adiante
Sempre esquecendo o nosso semelhante

E há quem diga que ecologia começa na gente
Um completo devir
Não é questão de decisão
Quando o corpo quente,
Sente!
Que mente.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Esquizo

Esquizo


Andou caminho errado
Pra sentir o prazer de ser
Nenhuma novidade
Perder identidade
Renascer

A certeza delirante
Faz sentir a existência das coisas
Que inexistem certamente

Seu maior prazer é estar
Em qualquer forma tal
Que rompa com o absurdo do real

Um sonho, o amor, um filho
Na mandala da ilusão
Da vã filosofia
Mensageiro de uma fantasia
Tão cheia de vida e clara
Que ninguém enxerga

Confuso?
Que valha o estranhamento
Na contramão do discurso
O genuíno pai do ancestral

Não existe fronteira de contato,
Nesse doce território de incertezas.
O corpo vegetativo esconde,
Exuberante viagem na escuridão:
Onde luzes e sombras
Já não se diferenciam

Aí vem o medo
O caminho é tortuoso
Sempre alguém para apontar o dedo
Proferir julgamentos
Classificar o anormal

Faz parte da sina
O Bem e o mal

segunda-feira, 19 de março de 2012

Encontro com o medo

Encontro com o medo


Outra noite me encontrei com o medo no escuro do quarto
Pensamentos fiéis sombreiam um velho retrato
De um tempo, de um tempo, de algum tempo atrás
Onde os sonhos valiam sempre mais que dinheiro
E o amor que havia, sempre vinha primeiro
Há um tempo, há um tempo, algum tempo atrás

Amanheci cansado do caminho errado
Outro sonho interrompido sem o mundo parar
Pra que a gente encontre nossa própria inocência
Enquanto o eterno se cansou de passar
Passar! Passagem!
Meus estranhos leais não me servem mais
Já nem servem mais!

Talvez eu tenha muita sorte,
Às vezes engana a visão.
A procura da própria luta,
O medo até soa concentração.
Tranquilidade nas palavras
Só pra manter viva a experiência,
A mesma armadura que protege
Pesa a busca do sonhador.

Tantos labirintos na solidão da madrugada
E a rima foi o único analgésico que restou pra entender a parada.
Não posso reclamar!
Bons amigos trouxeram a poesia que faltava,
E fez sentido a fotografia!
Enquanto temia,
Um novo homem nascia.

Obrigado medo por vir me ensinar
Que espelho sincero
São as águas do mar

sábado, 10 de março de 2012

Pra quê?

Pra quê?


Quando a gente aprende do destino
A própria definição
Os caminhos metamorfoseiam
A direção

Prisão é o universo das palavras
Como esse poema, a academia, a forma, qualquer metodologia
É preciso coragem pra não estar em lugar algum
Perder-se, abandonar-se, ou quem sabe desaparecer
Mas sempre foi conveniente se iludir e a verdade ignorar
Que verdade? Afundar, afundar sem perder o poder

Na contramão
De um mundo que significa o que machuca pra não se machucar
Desconstruo todos os sentidos e desabo. Precipício? O que tem lá?
Conceitos, signos, cheiros, mar
É da ordem da criação desequilibrar
Coisas que são. Que são?
Desassossego, emprego, ambição, mal estar
Aproveita e desperta agora que faltou, faltou o ar!

Me questiono!
Opero inoperante
Nessa insignificante imensidão de histórias que antecedem os encontros
Pra amar os encontros que antecedem a história
Outra vez não tem sentido nesses pensamentos que invadem
E me dizem o que fazer, por aqui, por ali, em vão
Não! Não!

Eu tava muito bravo, confesso!
Não queria conectar, estar, conceder
Toda essa merda violenta insistindo em...
Desculpa, onde estava mesmo?
Pra quê?
Pra quê?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O meu samba eu mesmo que faço

O meu samba eu mesmo que faço


O meu samba eu mesmo que faço
Na minha casa não tenho gaiola
Da tristeza nem tenho notícia
Tem passarinho voando lá fora

Falei pra ela!

Meu samba eu mesmo faço
Na minha casa não existe gaiola
Da tristeza nem tenho notícia
Tem passarinho cantando lá fora

Falei pra ela!

Esquece o medo, também o juízo
Te dou meu carinho, viver é preciso
Roupa colorida e vamos lá
Sorriso no mundo jogar

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Amanheceu

Amanheceu
Ofertada a Rafaela Palmeira


Amanheceu...
Tudo bem, só um pouco de azia.
A luz do dia faz questão de lembrar,
Que o sol nasce pra todos
Mas a sombra, só pra quem já sabia
Que o poeta às vezes se rende
Ao vinho, à noite, ao açoite
Ou a qualquer coisa
Por qualquer coisa sonhar

Quem puder que sinta outra vez
O cheiro doce da calma
A leve brisa que beija o próprio vento
E traz licença poética
Pra todo tipo de desorientação

Ela se foi...
Fiquei tonto, esse conto, esse encontro
Ela se foi...
A moça do vestido branco

Levou meu coração.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sem um quê

Autor: Pietro Pascoli

Não deveria haver separações
Entre todos os poderes
Soou tão sem um “quê”
Que até posso gostar

É que não tem nenhum sentido
No seu pensamento
Mas é tão lindo o meu tormento
De querer te devorar

Obrigado!
Por ser tão desamor
Obrigado!
Não guardo nenhum rancor

Você até me disse:
Muito bom te ver!
E eu ao dizer: massa!
Confesso! Não soube decifrar

Mas é que o meu pau
Nunca foi dono do momento
E o velho sentimento
Perdeu pra alguém ganhar

Meu amor...
Hoje veio do Pará.
Outro amor...
Hoje voltou pro Pará.

Noel, cartola e companhia
Refém da fantasia
Tanta imoral poesia
Não saberiam expressar

Mentiras!
Doces...
Mentiras.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Vagalumes

Vagalumes


Vagalumes
Luzes sutis na escuridão...
Não fazem estardalhaço,
Como detalhes do coração.

A bondade de uma bruxa,
Uma vida por um triz
A sabedoria de um menino,
O que não se vê diante do nariz

Que a dor seja visceral,
Na presença da saudade
Ao encontro de um sorriso,
O amor não tem idade!

A estrofe de um solitário,
O caminho interminável...
Vou fazendo poesia,
Minha sede insaciável.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dervixe

Dervixe


Disseram que eu estava cego
Transtornado de amor
Dizia coisas sem sentido
E faria um favor

Se eu fosse embora
Se eu fosse embora

Viajei por tantos lugares
Cheiros, cores, sensações
Emoções, redemoinhos, descobertas, confusões

Também tive muitos lares
De fartura, no subúrbio, sideral
Dei risada do destino
Namorei o bem e o mal

Pisei na bola
Pisei na bola

Fiz de mim menino errante
Aprendiz do que nem sou
E o segredo do universo
Lamentei por quem achou

domingo, 8 de janeiro de 2012

A Borracharia

Autor: Pietro Pascoli

Nosso universo se expande e contrai
As estrelas se transformam em poeira
E o desejo que às vezes atrai
Desaparece na segunda feira!

E a falta que nem foi sentida
Até virou celebração
De uma alma que evoluindo
Não aguenta mais ser só tesão!

E a gente só queria fazer alguém feliz...

Desculpe o clichê, é que às vezes me soa tão banal
Fazer de pneu furado minha poesia
Refém do cio, sedento, caçando paixão
Consertando a solidão numa borracharia

Imagina alguém, quem?
Qualquer dor que torne leve
O delírio de estar nu pra poder se entender
Mais um abraço ao travesseiro,

Você com você, você com você!

E a gente só queria fazer alguém feliz...